segunda-feira, 3 de agosto de 2009

POÉTICA

A minha poética tem a cor da música que Vos vou mostrando
como se interiorizada
esta última
se expandisse a partir dessa fonte ou matriz
metamorfoseada em palavras que jorrassem dela própria
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Por vezes saturo
não que me farte
mas como se tivesse absoluta necessidade de quebrar a toada
e passo à prosa
não menos poética
e vice versa
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No entanto
há sempre uma cadência que tem por pano de fundo a música que me preenche desde sempre
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Por vezes
tanto num caso como no outro
tenho absoluta necessidade de romper com o ritmo
o ritmo e a rima
e invisto pela não menos contemporaniedade musical liberta dos clássicos constrangimentos formais
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E passo com naturalidade ao ensaio ou à poesia deles libertos
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Respirando na inversa da medida própria como se inspirasse
qual flor
anidrido carbónico durante o dia aqui
qual contraponto
oxigenação que me complementa
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Mas há sempre uma estrutura
por suposto racional
condicionada pela tensão que ora se desanuvia como não
a moldar
interventiva
o que por ora e depois se seguirá
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Respiração
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Respiração cerebral por todos os poros
que aos hemisférios os transformassem
por reflexo
em pulmões esquerdo e direito
diafragma do intelecto
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Num dedilhar inebriante como o do cravo
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 3 de Agosto de 2009

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