segunda-feira, 28 de setembro de 2009

EU PERDI

Apesar do Apelo ao Voto e dos desejos que manifestei na página seguinte, Em Nome e onde, nomeadamente, ansiava pela derrota da abstenção, eu é que perdi!
Sem subterfúgios, perdi ...
Em Eleições Legislativas, aquelas que juntamente com as Presidenciais, normalmente, mais mobilizam os eleitores, nunca se constatou uma tão elevada taxa de abstenção, na casa dos trinta e nove ponto quatro por cento fazendo dela, em rigor e como o referia a minha amiga Ana Cristina, o verdadeiro vencedor do pleito eleitoral que teve lugar no Domingo.
Apelei e não fui, seguramente, o único, outros se associaram e logo a começar pelo Primeiro Magistrado da Nação, o Presidente da República mas foi em vão, eu perdi.
O que leva um cidadão a abster-se?
Poderá ser definido o seu perfil padrão?
E porque cresce a abstenção?
Começando pela última pergunta que persistentemente se tenta contornar eu, pela minha parte e resumidamente penso estar esse crescimento intimamente associado, não apenas ao desempenho dos agentes políticos e já que estes à abstenção a não conseguem contrariar como também às próprias limitações da Democracia Representativa que a não ser acompanhada pelo aprofundamento da própria Democracia à primeira a tenderão a afastar, a distanciar mais e mais do próprio cidadão comum.
Quanto ao perfil padrão do abstencionista, esse é tão diverso como as motivações que a cada um os levou a absterem-se ou para dizer com outras palavras, por mais que se tente é impossível dele definir um padrão comum.
Já a primeira pergunta, prende-se com a terceira e na segunda, às motivações que levam o eleitor a abster-se, a essas também lhes é impossível definir um padrão.
E quem sou eu, afinal, para ao abstencionista o ajuizar!?
Na página anterior e para além do desejo de ver derrotada a abstenção, manifestava ainda outros dois desejos que sei terem uma relação directa com a qualidade da Democracia na eventual mobilização do eleitorado e na neutralização da crescente dimensão que a abstenção vai assumindo.
Mas bastará, bastará que esses dois desejos se cumpram ...!?
O que com segurança sei é que a abstenção não é inócua:
Quanto mais ela cresce, com o seu crescimento e na inversa, decresce o peso relativo da autoridade dos eleitos e, simultaneamente, degrada-se, não tenhamos dúvidas, a representatividade imprescindível à Democracia para que goze de verdadeira autoridade.
Autoridade e não autoritarismo!
À abstenção ... será que não haverá volta a dar-lhe!?
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 28 de Setembro de 2009

7 comentários:

J. Ferreira disse...

Caro Jaime,
Gostava de poder estar de acordo consigo. Já estive, agora não.Em termos cumulativos, direi que a última razão é recente e prende-se com o resultado da votação à proposta de lei de financiamento dos partidos.
Sem qualquer intenção de o converter, sugiro dê uma saltada aos blogues:
adevidacomedia.wordpress.com, post "o abstencionista" e zebracial.blogspot.com, post "Mea culpa" e ainda veravilhena.blogspot.com, post "O grande Eça, sempre actual"
Para finalizar, direi que acredito que a Democracia não se esgota no voto. É um tema para discussão académico/filosófica, de difícil tratamento neste espaço.
1 Abraço,
Zé Ferreira

Jaime Latino Ferreira disse...

JOSÉ FERREIRA


Meu Caro,

Desculpe-me começar por uma graça mas, quando olhei para a Sua identidade, de repente, pensei que se tratava de um comentário meu, aqui posto não sei porque artes mágicas ou que duplicação de identidade ...!

Muito obrigado por aqui ter chegado, já me fiz seguidor de um dos Seus blogues e posto isto, vou tentar responder-Lhe:

Respeito inteiramente o Seu desacordo mas se me desse, ainda que sucintamente, pistas para o contraditar, apenas linhas de força, tal facilitaria em muito o nosso diálogo.

Por exemplo, porque é que a lei do financiamento dos partidos que, sem dúvida, suscitou imensa indignação, terá, mimética, que se reflectir e em crescendo na abstenção!?

Em que é que a abstenção concorre para corrigir eventuais derivas em que os agentes políticos se deixem tentar!?

Quando me escreve que a Democracia não se esgota no voto, estou inteiramente de acordo Consigo e desta como do conjunto das minhas três últimas páginas não me parece poder-se inferir que eu afirme que Ela se esgote no exercício do voto.

Não é por acaso que escrevo que o enraizamento da Democracia Representativa não se poderá fazer sem o aprofundamento da própria Democracia!

E quando, pela assumpção do contraditório, o Meu Amigo e eu próprio nos dispomos a desenvolvê-lo aqui, já estamos a contribuir, indelevelmente, nesse sentido ...

Ao fim e ao resto, saiba, que apenas não percebo porque afirma já não estar de acordo comigo embora, na minha perspectiva, todos os desacordos sejam bem vindos na medida e sempre, em que possam concorrer para o esclarecimento mútuo e de todos.

É para isso que estas caixas de comentários também servem!

Agradecido pelo Seu comentário, com um abraço, seja bem vindo


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 29 de Setembro de 2009

Jaime Latino Ferreira disse...

NINA


Minha Amiga,

Seja bem vinda ao conjunto dos meus seguidores e saiba que Consigo já somo cinquenta, a meia centena (!), o que muito me alegra!

Sinta-se aqui como em Sua casa, Seu


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 29 de Setembro de 2009

J. Ferreira disse...

Meu caro Jaime,
Lamento, mas as suas alegadas dúvidas suscitam-me, por experiência, um efeito de defesa profiláctica e concomitante aplicação de economia nos meios argumentativos contraditórios, dada a sua expectável inconsequência.
A minha asserção inicial foi basicamente devido à sua evidente apologia quanto à exigência (direito/dever)do exercício do voto, bem como ao pecado e perigos para a democracia, daqueles que não o exercessem. (ou iriam exercitar)
A sua posição, como a minha, possuem por certo, equivalente mimetismo em largas camadas dos portugueses, em campos opostos, como é evidente.
Em termos abstractos se quiser, a mimética está mais evidente, agora, no meu campo do que no seu.
Para mim o mais importante é que se crie, como está criada, a massa crítica suficiente para que esta atitude seja vista e compreendida pelos políticos.
Reconheço, finalmente, a sua humildade em considerar-se vencido.

1 Abraço

Jaime Latino Ferreira disse...

JOSÉ FERREIRA


Caríssimo,

Antes de mais, não se lamente que eu, por mim, regozijo com as Suas réplicas!

Percebo muito bem essa Sua reacção defensiva profiláctica na economia de meios que aqui exige a contenção, tanta quanto o possível embora consequente, sublinho-o, na expectativa que eventualmente, entre nós se gere.

Evidentemente que, pelo voto, sublinho também a importância da Democracia Representativa sem a qual, o aprofundamento da Participada se torna inconsequente.

Ao contrário também, a Representativa, prova-o a História, por exemplo, na ascensão do nazismo, sem a Democracia Participativa e na civilidade cidadã, também se pode fragilizar senão mesmo estiolar!

Há seguramente equivalente e profícuo mimetismo entre nós, o Meu Amigo e eu próprio mas o que é certo é que, sem garantir os instrumentos que salvaguardem o sufrágio, a democraticidade representativa do sistema, lição da História, dificilmente à Democracia se pode, por seu turno, pela participação aprofundar ...

Remeto-O agora e se não me leva a mal para os três textos que escrevi no início de Setembro, eles próprios uma Trilogia e que dão pelo título genérico de E SE UM SÓ HOMEM.

É como escreve:

" ( ... ) Para mim o mais importante é que se crie, como está criada, a massa crítica suficiente para que esta atitude seja vista e compreendida pelos políticos ( ... ) "

Eu, pela minha parte e agradecendo-Lhe a humildade que me reconhece, tendo feito um APELO AO VOTO, não poderia deixar de reconhecer sem tibiezas ter sido, transitoriamente, entenda-se (!), vencido pela abstenção ...!

Massa crítica, estou certo, é também aquilo que aqui se desenvolve entre nós, entre o Meu Amigo e a minha pessoa!

Reforçado abraço e ao dispor, Seu


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 29 de Setembro de 2009

manuela baptista disse...

Jaime Ferreira e José Ferreira

duas consciências políticas!

Continuem.

Manuela Baptista

Jaime Latino Ferreira disse...

MANUELA BAPTISTA


Espaço, agora, ao Senhor José Ferreira que, se sei ser pintor, já o prescrutei, merece e sem qualquer formalismo a designação que muito mais vale do que qualquer título ou comenda:

Um Senhor que se expõe sem contornar os assuntos!

( ... e que o que aqui escreves como eu acrescento O não constranja nem intimide ...! )


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 29 de Setembro de 2009