terça-feira, 31 de março de 2009

DEPOIS

"Estavam ambos nus, tanto o homem como a mulher, mas não sentiam vergonha"
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( Genesis 2,25 )
-

Depois
com o fruto proibido
interpôs-se o desafio da Sabedoria
-
Mulher e homem descobriram
então
quão difícil era estar diante da sua própria nudez
-
Mas havia um caminho
um estreito caminho feito de escolhos e armadilhas
de escolhas e livre arbítrio e esse caminho desafiou-os
pelos confins dos tempos
sem medo e até à Eternidade
-
O rei
actor imprescindível que por esses caminhos trilhou
descobriu
assim
que para se desnudar
se tinha que recobrir com as suas majestáticas e infindáveis
múltiplas roupagens e constatando-o
disse
-
Pois que triunfe o amor
e que o mundo inteiro sirva o império da equidade e da
beleza
-
http://www.youtube.com/watch?v=SwFW7xjJcok
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 31 de Março de 2009

segunda-feira, 30 de março de 2009

NU

Como a noite que se apaga até ao dia
Canta o rouxinol o que ele via
Onde cada página é uma peça
Música
Roupagem que se tira
E o seu interior
Entre-linhas com sabor
O que por dentro o revira
E mais o faz
Cantar
Escrever
Que até ao nu
Por mais que se dispa
Mais vestes tem para tirar
E mais
E mais e mais como se o ar
Infindo
Se fundisse com o mar
-
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 30 de Março de 2009

sexta-feira, 27 de março de 2009

A METÁFORA DO AUTORITARISMO


A metáfora do autoritarismo estampa-se hoje e à saciedade, para quem a queira ver, no universo virtual da blogosfera.
Nele, os autores dos blogues nos quais eu me incluo, não o nego (!), têm, nos seus blogues, a faca e o queijo na mão!
Os blogues são dos seus autores e estes estão no seu direito, no entanto:
Eles podem e a seu belo prazer, exercer a censura ou a auto-censura, a omissão incluída e como muito bem o entendam fazer.
Assim:
Os comentários ou reflexões como lhes gosto de chamar ficam sujeitas ao crivo dos seus autores, dos autores dos blogues e estas podem ser omitidas, suprimidas ou censuradas pelos próprios.
Se assim o decidirem, os autores também podem retirar páginas de sua autoria sem tão pouco se preocuparem se, com elas, também são suprimidos os comentários que a essas mesmas páginas lhes estejam anexos e sem que, tão pouco, se sintam obrigados a dar qualquer satisfação.
Em vez de darem a mão à palmatória que longe de constituir uma confessa diminuição de autoridade a reforçaria pela admissão do erro, podem, antes pelo contrário, dar o dito pelo não dito e a seu belo prazer tal como na actualidade se truncam, por exemplo, fotografias e de acordo com conveniências políticas vigentes ou de outra ordem qualquer.
Os autores dos blogues podem, portanto, transformar-se em pequenos tiranetes sem disso se darem conta nem terem plena consciência, exercitando então e arbitrariamente, como disse, a censura ou a auto-censura, com toda a impunidade.
Tudo isto se reflecte, por fim, na relação normalmente não comunicante entre autores e comentadores dos blogues e destes entre si, num acriticismo a mais das vezes exasperante.
E assim vamos!
-
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DECLARAÇÃO DE PRINCÍPIOS

Desde que me iniciei nesta senda que logo tive e manifestei a preocupação que aqui se estampou, aliás, de suprimir as barreiras que de algum modo pudessem levantar quaisquer obstáculos à livre e imediata publicação de comentários, reflexões anexas às minhas primeiras páginas.
Assim o fiz, assim o farei!
Nunca suprimi como não suprimirei tão pouco (!), qualquer reflexão que entre na minha caixa de comentários.
Se estas forem inconvenientes atingem o próprio que as produz e só o são, de facto, para quem não se sinta à altura de as encarar!
Todas as páginas, vulgo posts que até hoje editei, por cá ficaram e ficarão, num percurso que desejo consequente, transparente e respeitador de mim mesmo logo por não poder ser omitido (!) e nem tão pouco os comentários que lhes forem anexos.
Apenas não posso garantir, porque de mim não depende mas do Youtube, que os endereços ilustrativos, musicais ou outros permaneçam.
Deste modo declaro algumas das minhas intenções que tenciono continuar a cumprir e custe o que custar.
Deste modo também, não omitirei páginas que venha a escrever sendo mais transparente que dê a mão à palmatória se caso disso for e no respeito que devo a mim próprio e aos meus leitores e comentadores.
Continuarei a comentar naqueles blogues que são credores de confiança ou susceptíveis de serem contemplados pelo benefício da dúvida sem me dispersar, contudo, dos meus objectivos, coisa que não posso, por imperativo de consciência, deixar de fazer.
O mundo da blogosfera e pesem embora todas as virtualidades que encerra ainda é a metáfora residual, virtual do autoritarismo.
Por muito que se fantasie ou faça de conta que não é!
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http://www.youtube.com/watch?v=mbyll1Y82eo
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 27 de Março de 2009

quinta-feira, 26 de março de 2009

A TRAIÇÃO E O LUDÍBRIO

http://www.youtube.com/watch?v=EEAANmII_5s
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A traição, o sentimento da traição, resulta, amiúde, do simples desencontro.
Sinto-me traído e sou incapaz de perdoar como se aquele que supostamente me trai, movido em absoluto pelo malévolo, deliberada e conscientemente, manicaisticamente, fosse movido por essa intenção, a intenção expressa de me trair.
Sem apelo e sem agravo ...
Eu conheci o sentimento da traição, da traição política que se abateu implacável e irremediável, supostamente implacável sobre mim, maquiavélica e demorei anos, depois do meu mundo ter desabado completamente, a resolvê-la, a perdoá-la também!
Mas mesmo num tal contexto, no contexto da traição há sempre dois lados e ambos não são inteiramente isentos no sentir que em tal caso se gera!
Mas acabei por resolvê-la e perdoar, explicitamente, à parte que supostamente me traiu.
Bati-lhe à porta e perdoei-lhe!
E, bem vistas as coisas ...
Como teria eu chegado até aqui sem lhe perdoar, sem ter resolvido os nós que em rigor me toldavam e impediam de prosseguir verdadeiramente livre e disponível na minha senda!?
Dizei-me como!???
O sentimento da traição, fruto, quantas vezes, do mal-entendido, do ludibrio, macula por demais, venenoso, o nosso quanto possível bem-estar, tolhe-nos, diminui-nos!
Passados dois mil anos Judas merecia habitar na Casa dos Santos...!
Sim, pois que sem ele, onde teria ficado o Sacrifício de Cristo e, sobretudo, tal como O conhecemos e em que quantos nele acreditam e fazem dele a sua Fé!?
Que seria dessa Saga!?
O Império Romano foi corroido por manchas dessas das quais o assassinato de César é paradigmático momento e a Igreja, sua herdeira intemporal, desde o Seu início, igualmente e essas manchas longe de serem motivo de afirmação que não o são pois que pela negativa se alicerçam e em rigor não cicatrizam deveriam levar a que se resolvessem, a que fossem sublimados esses nós, isto é, a exaltar-se e a purificar-se contemplando reconhecidamente os seus intervenientes, todos eles, sem os quais, repito, a Gesta não teria acontecido.
Se Judas fosse aceite na Casa dos Santos como um entre os demais, pergunto-me, que bênção não se aspergeria sobre o conflito no Oriente Próximo que como sabemos, não adianta escamoteá-lo (!), tem na sua génese, quer se queira quer não, uma fractura religiosa que, aliás, explica, ajuda a explicar as origens escondidas das três grandes religiões monoteístas que num conflito surdo prosseguem subliminarmente autistas e sem se entenderem na adoração, todavia, do Deus único.
E que poderosíssimo sinal seria este para o Mundo, para o coro dos escravos hebreus que somos, afinal e nos nossos dias, todos nós!
Se ninguém tomar a iniciativa de estender o ramo da oliveira e sem ambiguidades (!), como se poderão resolver os nós górdios que a todas elas, às grandes religiões monoteístas, as dilaceram e sem excepção, alimentando os putativos choques de culturas.
Sem que estas possam, tão pouco, em consciência, lavar daí as suas mãos!
A afirmação não implica mais a negação e esta, na aldeia global em que vivemos, apenas tudo atrapalha, estrangula e deixa de fazer sentido.

Em asas douradas
Encontrareis o descanso
A Terra Prometida
Que é esta
A Nossa
O Mundo

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http://www.youtube.com/watch?v=4BZSqtqr8Qk
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 26 de Março de 2009

justitia et pax osculatae sunt

RISCO

http://www.youtube.com/watch?v=5ofaoLKPz7c
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Uma Obra, por definição criativa, comporta sempre um risco.
O risco que deriva das pontes que se lançam e que os outros poderão não estar disponíveis para agarrar, abraçar, como um amor impossível, impossível num tempo que mata, trucida os intrépidos.
Risco qual traço ou rasgão que se aparentemente divide, rompe o tecido em que se produz e separando águas as faz confluir em torrente larvar antes da metamorfose que às borboletas as liberta e as faz voar num sonho que se acalenta e pesem como pesam, repito, os aparentemente suicidários riscos.

Num belo dia veremos
Erguer-se um fio de fumo
No extremo confim do mar
E o navio branco aparece
Saudando-nos
Vedes
Chegou
Entra no porto
E desço ao seu encontro
Eu sim

( Réplica a excerto de um tema de Madame Butterfly, Un bel di vedremo )

Eu tenho a coragem de o aclamar, ao navio que vai cantando e afugentando a morte que ronda, ameaçadora, na intrepidez da Vida que é mais forte e nos reúne, convocando, interpelando à viagem.
Desafiando a abraçá-la, à música arriscada, tocada, dedilhada no vidro, à Vida.
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http://www.youtube.com/watch?v=YICrFKp8JFk
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 25 de Março de 2009

terça-feira, 24 de março de 2009

PAUSA


Minimal
Elementar
Basilar
Pedra de Toque
Sereno
Compassivo
Absoluto
Infinito


Para os que buscam a Perfeição das coisas imperfeitas, a Serenidade no meio da agitação e o equilíbrio frágil entre Si e o Universo.

E para a Susana, nossa sobrinha e grande amiga.

Manuela Baptista
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 25 de Março de 2009

Energy Flow

sábado, 21 de março de 2009

ANTES DA PAUSA


I
REFORMA ANTECIPADA

Naquele tempo, Jesus subiu ao monte seguido pela multidão e, sentado sobre uma grande pedra, deixou que os seus discípulos e seguidores se aproximassem.
Depois, tomando a palavra, ensinou-os dizendo:
- Em verdade vos digo:
Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles...
Pedro interrompeu:
-Temos que aprender isso de cor?
André disse:
- Temos que copiá-lo para o caderno?
Tiago perguntou:
- Vamos ter teste sobre isso?
Filipe lamentou-se:
- Não trouxe o papiro-diário?
Bartolomeu quis saber:
-Temos de tirar apontamentos?
João levantou a mão:
- Posso ir à casa de banho?
Judas exclamou:
- Para que é que serve isto tudo?
Tomé inquietou-se:
- Há fórmulas, vamos resolver problemas?
Tadeu reclamou:
- Mas porque é que não nos dás a sebenta e pronto!?
Mateus queixou-se:
- Eu não entendi nada, ninguém entendeu nada!
Um dos fariseus cretinos, que nunca tinha estado diante de uma multidão nem ensinado nada, tomou a palavra e dirigiu-se a Ele, dizendo:
- Onde está a tua planificação?Qual é a nomenclatura do teu plano de aula nesta intervenção didáctica mediatizada?E a avaliação diagnóstica?E a avaliação institucional?Quais são as tuas expectativas de sucesso?Tendes para a abordagem da área em forma globalizada, de modo a permitir o acesso à significação dos contextos, tendo em conta a bipolaridade da transmissão?Quais são as tuas estratégias conducentes à recuperação dos conhecimentos prévios?Respondem estes aos interesses e necessidades do grupo de modo a assegurar a significatividade do processo de ensino-aprendizagem?Incluíste actividades integradoras com fundamento epistemológico produtivo? E os espaços alternativos das problemáticas curriculares gerais?Propiciaste espaços de encontro para a coordenação de acções transversais e longitudinais que fomentem os vínculos operativos e cooperativos das áreas concomitantes?Quais são os conteúdos conceptuais, processuais e atitudinais que respondem aos fundamentos lógico, praxeológico e metodológico constituídos pelos núcleos generativos disciplinares, transdisciplinares, interdisciplinares e metadisciplinares?
Caifás, o pior de todos, disse a Jesus:
- Quero ver as avaliações do primeiro, segundo e terceiro períodos e reservo-me o direito de, no final, aumentar as notas dos teus discípulos, para que ao Rei não lhe falhem as previsões de um ensino de qualidade e não se lhe estraguem as estatísticas do sucesso. Serás notificado em devido tempo pela via mais adequada. E vê lá se reprovas alguém! Lembra-te que ainda não és titular e não há quadros de nomeação definitiva...
E Jesus pediu a reforma antecipada aos trinta e três anos.

( in Zimbórios a 21 de Março de 2009 )
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II
FINAL

Do meio da multidão e misericordioso, com fome e sede de justiça um pobre de espírito cego, surdo e mudo que por ali se encontrava, levantou-se contrafeito e pensou:
- Ora bolas, e logo agora que a história até estava a dar alguma pica ...!
- Reforma antecipada!?
- Então e eu que me tomam por um inútil, sem poder ver, nem ouvir e nem falar, não me poderão, finalmente, dar a oportunidade de fazer de minha justiça!??
- Ou, que é que julgam, lá por não ver, oiço como ninguém, lá por não ouvir, vejo com mais profundidade e lá por não falar escrevo com tanta oportunidade que me poderão chamar o que quiserem mas parvo é que eu não sou e se a Ele Lhe foi dada a reforma antecipada, queria lá Ele outra coisa (!), dêem-me a mim o reino que saciado, saberei dar conta do recado sem ver, nem ouvir ou falar, pela calada e na certeza de que basta de tanta alarvidade!
- Quanto ao futuro ... a Deus pertence!!!
- E quanto a Ele, ponham-se a pau e não se esqueçam do que Ele insinuou:
- Em terra de cegos quem tem um olho é rei, em terra de surdos passa o que se mima e, por isso, melhor se ouve e fica mudo quem não sabe ou não quer, escrevendo, responder!!!
Jesus descansou então e gozou da sua Reforma.

( em primeira mão, in Zimbórios de 21 de Março, na sua caixa de reflexões )

Jaime Latino Ferreira
Estoril, 21 de Março de 2009
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http://www.youtube.com/watch?v=791mA0fG0uw
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III
NO DIA MUNDIAL DA POESIA

Há vinte anos que me desdobro e sem parar numa Obra que se se quer e é poética, ela própria se desmultiplica e interage numa praxis congruente em que persisto e que me não desmobiliza.
Desde há quase dois anos que em crescendo e em rede se vai, entretanto, enraizando, agora ainda mais, por via de extensas pastas de correspondência electrónica e, depois, na blogosfera onde, de cada dia se faz dia de poesias, no plural porque assim vai acontecendo e desde o início do ano, no meu blogue, este que se Vos oferece.
Sempre entrecruzado com outros blogues que logo a oportunidade me tem vindo a proporcionar, numa fecunda e, felizmente, imparável criatividade:
Casa da Venância
Em segredo
Pintada de Fresco
Salvadorvazdasilva
Sete Mares
Zimbórios
E, ocasionalmente, Outros não menos relevantes...
Fazendo da poética dia, claridade de todos os dias!
No dia Mundial da Poesia e homenageando-a, incansável e uma vez mais, preparo-me agora para guardar silêncio, sublinhando a importância que a pausa nela tem e preparando-me para gozar, julgo que o mereço (!?), de um não menos justificado descanso.

Jaime Latino Ferreira
Estoril, 21 de Março de 2009

sexta-feira, 20 de março de 2009

UMA VISÃO NADA ESTÁTICA


Uma visão estática é ver sem ver que tudo flui em movimento perpétuo e que, por isso, espiralístico, o que é já não era nem será porque em permanente mutação no seu devir.
E que são tantas as variáveis desse permanente fluir que, dificilmente, se pode prever do que foi para o que será ...
O momento presente é, ele próprio e sempre, a prova disso:
Das três coordenadas temporais, passado, futuro e presente, esta última, de uma acutilância esmagadora por ser aquela que nos faz ser, é mesmo, de todas, a mais evasiva, logo porque no momento em que é, deixa de ser.
O presente não se consegue fixar, agarrar estático, imóvel, imutável porque errático ele é.
Das três é mesmo a mais abstracta e ilusória de todas as coordenadas.
Se o sentimos plenamente, esmagadoramente atrever-me-ía a dizer, o presente, em simultâneo, escapa-nos sem possibilidade de apelo.
Passado e futuro, embora o primeiro já tenha sido e não se possa mais reconstituir em absoluto por nele se escaparem sempre variáveis que se perderam e omitiram e o segundo que ainda não se realizou, paradoxalmente, têm uma fiabilidade maior e logo também quando e se projectadas no momento que passa, no presente.
Intersecção de ambos, passado e futuro, o presente será tanto mais fiável quanto mais se olhar para o que foi, tão longe quanto o possível e para o que será, tão panorâmica e ambiciosamente também e sem fazer tábua rasa de nada nem do passado.
Mas o dinamismo da realidade escapa-nos sempre, é tal a sua exuberância (!), que nem a criatividade a consegue acompanhar.
Inebriante, primaveril, plena de dinamismo, primeva, o mesmo se pode dizer da vida singular que para ser santa não pode deixar de pecar e ter pecado, no ano paulino Paulo o testemunha (!), não pode deixar de ser corrosiva porque o é sempre (!), pela sua introdução e por definição a vida corroe, interage com o espaço/tempo, sendo que não é preciso ser-se santo para se ser Homem nem, por maioria de razão, um Homem Bom!
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 20 de Março de 2009

quinta-feira, 19 de março de 2009

PAI


Pai
Tu que és
Um terço em mim
A mãe é outro e eu
Fusão dos dois
O outro ainda
Quando morreste
Uma dor fina
Física e cerebral
Senti
Num dos meus hemisférios
Como se subtilmente
A forma psicológica com que o recobrias
Biblioteca
Discreta
Delicadamente se retirasse
Fazendo por não me magoar

Pai
Fazendo por não me machucar mais
Do que a inevitável perda de ti

Pai
Que Escola
Que turbilhão de afectos
Que exigência ainda que muitas vezes incompreendida
Que amor meu

Se
Senhor
Tu és
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 19 de Março de 2009

quarta-feira, 18 de março de 2009

MOMENTO

Sinto a calma como se fosse o pousio da alma.
A agitação parou, sobretudo, na ansiedade interior que nos últimos dias me tem assolado.
Paro!
O som, no cromatismo que dele emerge, sereno, tranquiliza-me ainda mais.
Como se sempre ali tivesse estado, coloquiante, uma sonoridade respondendo a outra mansamente, uma distante e outra que se aproxima e afasta de novo mergulhando na tonificação constante do movimento perpétuo que nunca se ausenta, rotativo pano de fundo sem o qual, mergulharíamos no caos.
Respiro fundo, por todos os poros e deito-me, por fim, numa sesta retemperadora, abraçado ao meu amor.
Desterrado, o garoto sonha ainda dentro de mim.
Diz-me o que oiço que permaneça assim, sem me mexer.
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 18 de Março de 2009

terça-feira, 17 de março de 2009

FRACTURA


A fractura
os temas fracturantes existem apenas na cabeça das pessoas que empedernidas dela se alimentam

À minha cabeça
ao meu integral
não os fracturam

Há muito mais para lá daquilo que se vê

No que se vê
tenho todos os ingredientes que fazem de mim um homem
e tenho-o por inquestionável

Tenho também tudo
julgo
o que em mim uma Pessoa me torna

Os atributos de carácter como sejam a coragem
a presença de espírito
a preserverança
a inquestionável vontade de interrogar
de contrapor
de me indignar
de ir a contra-corrente
de Olhar o Outro
de criar e de resolver
o que faço primeiro em mim mesmo
olhando para mim e no meu incontornável percurso e desta forma
desta forma como escrevo
sem a qual se deriva à toa e sem rumo nem norte
em guinadas fracturantes que em nada contribuem para criar as condições que permitam
serenamente
colher daqui e dali
não para dividir mas para reinar a contento
sem antagonizar nem excluir
integrando

Não me mutilam
também
o que eu Sou

E o que Sou é muito mais do que aquilo que se vê

No meu Olhar
sou muito mais do que um homem

A alma é feminina

Riam-se
façam chacota ou mexerico
olhem-me de alto e com um manejo macho e convencido
pleno de prosápia
que não me intimidarão

Sou Homem
muito mais homem do que quantos
patrícios e quejandos
julgam sem ver e aos outros negam
preconceituosamente e sem sentir
afinal
incapazes

por temor ou indisponibilidade
por medo
de constatar e muito menos admitir os pés de barro em que assentam
comuns a todos

Sou homem
mulher
criança e não me o farão
ao arrepio
negar

Em nome próprio
eu rio
choro
e canto
e não tenho como
nem devo escondê-lo

Libertai Eros
fautores de crises apreensivos e temerosos
que Ele ajudará
a inspirar a família

Ai os Textos
reserva que são
a esta Luz
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http://www.youtube.com/watch?v=iBpsPxNJWOo
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 17 de Março de 2009

segunda-feira, 16 de março de 2009

RAINHA


Rainha
Estais do meu lado
Mulher
Beleza
Condado
Majestade
Potentado
Imponente a voz proclama
Dos carrascos
É triste o fado
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Soberba
Tens a leveza
Mulher
Não és a tristeza
Descobres teu rosto
Alteza
Que os deuses
À tua mesa
Encher-te-ão de grandeza
-
( Em homenagem à Rainha Rania da Jordânia e Nela, à Mulher )
-
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 16 de Março de 2009

domingo, 15 de março de 2009

CANTO


Canto a Vida
Canto e o encanto
Canto a vontade do meu espanto
Canto a teimosia
Que volvida
Me traz sempre de volta
A maresia

Canto a revolta
Que me escolta
Canto esta canção
Do coração
Escreve-se a noção
Numa poesia
Em repto
Texto
Prosa
Ou numa glosa

Canto com meu ceptro
Espanto o espectro
De ver os meus irmãos sem alegria
Em tudo o que canto
Um eu que fita
Agiganta-se
Esmaga a hipocrisia

-
http://www.youtube.com/watch?v=-3ofOoNsoys
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 15 de Março de 2009


sábado, 14 de março de 2009

IR MAIS LONGE


Aos meus Destinatários Institucionais, estratégicos e de grande relevância Lhes digo que é tempo de terem para Comigo Gestos explícitos que, por maioria de razão só os merece quem ao fim de um tão extenso e não escamoteado percurso, exposto e transparente, traduzido numa Obra que se dá sem regatear ou exigir e passados tantos anos, Lhes continua a conceder todo o benefício da dúvida de que o Institucional, afinal, precisa como de pão para a boca na instilação da autoridade política democrática da qual se vão tornando deficitários e pese embora o sufrágio universal que por si mesmo a não garante nem sustentabilisa.
Aos meus Amigos Lhes digo que é chegada a hora de se deixarem de esconder atrás de confortáveis biombos e interpostas pessoas em que se resguardam e refugiam ou de deixarem de me moer a corda ou fazerem conversa de circunstância numa falta de frontalidade constrangedora de um nim assente em nada mas julgando-se em permanência à altura de questionar tudo do princípio e assistematicamente numa pose que raia a cobardia, num foge-foge cada vez mais sem norte e sem atitude digna desse nome.
Finalmente, Àqueles que humildes e solidários, frontalmente dão a cara como todos os que, neste ou noutros blogues, por outras vias também, comigo interagem, tiro-Lhes o chapéu e incentivo-Os a prosseguirem como a Todos quantos aqui refiro, sendo certo que não desistirei e prosseguirei pela rota traçada com toda a flexibilidade mas sem desarmar nem me desviar e com toda a persistência.
Eu vou mais longe e ainda ninguém teve a ousadia de me demonstrar que estou errado!
O meu/nosso Paradigma é congregador de vontades, de todas as Pessoas de bem e olha para longe, transversalmente e com visão Política de Futuro.
De um Império da Cultura se trata que o mesmo é dizer da razão e da vontade, dos sentidos também e pelo aprofundamento e enraizamento da Democracia na busca de um novo e ingente reequilíbrio ecológico e global.
Em nome dos mais fracos e daqueles que não têm voz, também.
E sem que, alguma vez, tenha usado da violência física ou da coacção psicológica para me impor.
Impor que não seja senão pela vontade, pelo sentir e pela razão.
PAX!
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http://www.youtube.com/watch?v=kQITN_F__js
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 14 de Março de 2009

sexta-feira, 13 de março de 2009

A CRISE E AS CRISES

Como o afirmou o Príncipe Carlos de Inglaterra no Rio de Janeiro e, nem de propósito (!), logo reforçado pela comunidade científica internacional, a presente crise económica não é nada quando comparada com aquela derivada dos desequilíbrios ecológicos e do aquecimento global.
Vou, no entanto e uma vez mais, mais longe!
A presente crise económico-financeira é tão só mais um sinal que aponta para a urgência inadiável na inflexão global de Paradigma.
A Terra, o eco-sistema e o nosso Mundo, a Comunidade Internacional, não se compadecem mais com paleativos e estes, implementados casuisticamente e sem visão global de futuro, apenas vêm adensar a prazo uma crise que é, são cada vez mais as vozes que em coro o afirmam (!), de sobrevivência pura e simples.
Atacar por aqui, atacar por ali, ao sabor de interesses parcelares, de pouco ou nada adiantará a médio senão mesmo a curto prazo!
E que ninguém pense ser o Homem indispensável, dê no que isto der, à Criação, como se Deus nos reservasse a nós um papel determinante e imprescindível sem que este não tivesse de ser feito de opções pelo arbítrio que ou é livre ou, tarde demais, resultaria em catástrofe ou apocalipse!
É na Frente Política e rapidamente que as grandes opções charneira terão de ser, na conjugação transversal de interesses e tendo na mira o bem comum e não destes ou daqueles grupos, terão de ser, dizia, inadiavelmente e com coragem, em aberto como em Paradigma se estampa na minha Obra, consagradas.
Não dá para me repetir ou voltar atrás, sobretudo quando o contraditório se emudece no silêncio que só pode ser cúmplice com esta sinfonia que em vaga de fundo se ergue.
Mesmo se tocada intimista, ao fim da noite ou ao pequeno-almoço!
-
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 14 de Março de 2009

quinta-feira, 12 de março de 2009

ESTÍMULO

Há quem se abstenha de exercer o estímulo, o reforço positivo com medo vá se lá a saber de quê e de que lhe caiam, nomeadamente, os parentes na lama.
Assim, numa desconfiança que se replica, defesa do medo, repito, é melhor não dar confiança ...
Se digo bom dia, não me respondem ou faz-se pior ainda, uma carantonha tal que mais valera não ter esboçado nada.
Como quem diz, é parvo (!?), é lá possível, nos tempos que correm, dizer-se tal coisa ou será antes que ele está a mangar comigo!?
Por quem me toma ele, não querem lá ver ... bom dia para quem!??
E este tipo de atitude propaga-se como uma infestação pandémica, patológica e doentia, somando crise às crises!
Estas atitudes, refugiadas nos seus frágeis minaretes com medo que lhes tomem os lugares construídos a cuspo sobre nada ou muito pouco ou lhes descubram as carecas, implícitas prontificam-se pela calada a fazer a vida negra a ai de quem seja educado e não se cale, seja afirmativo e dê o flanco ao contraditório ...
Para esta sorte de indivíduos, ai de quem manifeste a sua solidariedade ou tenha ambição como se esta devesse ser monopólio de deuses menores, mal convencidos da sua astuta e reverencial tacanhez.
E ai de quem propale aos sete ventos ter os pés de barro, então estes não deveriam ser prudentemente escondidos num qualquer confessionário profano e desobrigado!?
E assim estamos, eu que não me calo e os que calam ou me tentam em vão abafar consentindo porém e pelo silêncio e que cada vez mais sempre furo, o que os leva, contrariados ou não, progressivamente a renderem-se.
Eticamente ... já se renderam!
E assim me vou afirmando ...

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http://www.youtube.com/watch?v=sUgoBb8m1eE
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 12 de Março de 2009

quarta-feira, 11 de março de 2009

SER JUSTO

Ao escrever os últimos textos que escrevi sobre alguns aspectos da vida da Igreja, não houve quem não deixasse de vaticinar a minha excomunhão ...
Tal como eu ou qualquer um de nós, Ela tem, todavia, de ser olhada no seu profundo dinamismo e prospectividade, no tempo e no espaço e para lá desses horizontes.
Tem de ser olhada, também, como a música que não é apenas uma nota mas toda a sequência delas que na horizontal como na vertical e dinamicamente à música lhe dão corpo.
Nela há passagens que nos agradam mais e outras menos, algumas que veementemente se condenam, assim o fiz (!), mas o seu sequencial aponta, tendencialmente, num sentido formatado pelos próprios Textos que A guiam e A encaminham.
Plurais, imensamente plurais na sua semântica.
Há quem desafine e quem exclua, há sinais contraditórios e extremados mas, tendencialmente é, testemunho aqui e agora e independentemente de tudo o que foi dito, inclusivamente a necessidade de os interpretar, a esses mesmos sinais com paciência, preserverança também e muito embora pese como pesa a urgência vertiginosa dos tempos nas encruzilhadas de um tempo crucial, crucifixial mesmo (!) mas que se realiza e impõe!
A Igreja é uma Instituição plural que sendo teocrática não é antagónica mas pode ser antes complementar e reserva, na semântica do sentido, da Democracia.
O tempo da Igreja não é o mesmo da temporalidade dos tempos quotidianos e o segredo da sua gestão, só ele explica a Sua intemporalidade enquanto Instituição bimilenar.
Há uma diferença, contudo, entre o tempo da política, politics, e a Política do tempo e a Igreja não está imune a nenhuma delas e sabe-o.
No entanto, a Política, a Política do tempo impõe-se e os tempos não se vão compadecendo.
A Igreja é como África, uma profusão de contrastes, plural e um horizonte imenso que tem de ser em aberto e sem fazer excepção de ninguém.
Ela é um passado que é presente e um futuro que se tem de realizar, estando sempre, mais e mais por realizar.
E a mim me cabe dizer de minha justiça.
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Oh porque será que não tenho
Tudo o que quero junto a Vós
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 12 de Março de 2009

terça-feira, 10 de março de 2009

ÁFRICA MÃE

Mãe da vida
África querida
Despojada
Escondida
Minha enseada perdida
Luxuriante
Aberta
Planalto da descoberta
Esquecida
Água de areia sorvida
Mãe de seio lascado
Dilacerada
Cumprida
Filha descalça
Perdida
Terra de saques urdida
És o deserto
Medida
Da História
Não concluída
És coração
És batida
Vozes da terra sofrida
Que gritam na minha ermida
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http://www.youtube.com/watch?v=APGZiMcDvYY
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( Foi o meu Amigo Padre Nuno que no Seu blogue Zimbórios me conduziu até África )
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 10 de Março de 2009

QUINZE ANOS


TER QUINZE ANOS

É ser doce e desajeitado ao mesmo tempo
E sentir em cada poro o vento
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É gostar dos pais e dos avós
E não lhes saber dizer

Que sonhamos com aves e com rios
Com satélites e com robots
Com um mundo onde cabe a esperança
Num coração grande de criança
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É ser filósofo e ser poeta
Astronauta e matemático

Mas querer ir à noite à discoteca
E dançar como um louco no telhado
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É não gostar nada de Francês
Porque a Terra girou tanto e misturou-se

E afinal falamos todos Inglês
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É ser fanfarrão e aventureiro
Percorrer galopando corredores de néon
Ter a cama desfeita e o quarto desarrumado
E as camisolas a passear por todo o lado
Ter um corpo a crescer e não saber
Se a cabeça está em cima do pescoço
Ou se viaja pelo espaço entre as estrelas
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É ter amigos e partilhar segredos
Ser generoso e não sentir medos
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É ser sempre aquele que despeja o lixo
E na noite escura passeia o cão
A sonhar com uma namorada linda
Que seja meiga e nos dê a mão
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Manuela Baptista
Estoril, 10 de Março de 2009
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Para o Zaca, que faz hoje, dia 10 de Março quinze anos.

Companheiro dos jantares de sexta-feira, sobrinho muito querido, que gosta de Contrabaixo e de Tim Burton partilhando com ele e connosco um humor muito negro...
Se a tua tia já disse tudo, que me resta a mim dizer!?
Ter quinze anos é saber o que, julgando que se sabe, ainda falta muito para, pela experiência, se saber mesmo!

Um grande abraço de parabéns
Dos tios
Manuela e Jaime

domingo, 8 de março de 2009

BASTA

I
NÃO POSSO MAIS DEIXAR PASSAR

Segundo a lei de Deus ( dixit !) o violador passa incólume e a vítima de estupro, para mais criança de nove anos e sua família, ao decidirem interromper a gravidez por tal acto hediondo desencadeada tornam-se, aos olhos de um bispo senil, merecedores de excomunhão.
Passa-se esta clamorosa estória no Brasil!
Vade retro satanas, senhor bispo, devia ter vergonha na cara!!
Misógino para não dizer pior, pois que de uma criança se trata, tornando-se cúmplice, por tal, de pedofilia, o senhor padre é que devia ser excomungado!!!
Enredada em tais cumplicidades inomináveis, uma certa igreja símbolo de um poder machista, prepotente e caduco, insiste em dar os seus inqualificáveis estertores que contra a própria Igreja, inevitavelmente, se viram.
Tenha vergonha que Cristo, se pudesse, expulsaria hoje e ainda com maior veemência os vendilhões, como o senhor, do Templo.
Basta!
II
E MAIS ( + )

Ao escrever o comentário anterior dei-me conta do seguinte:
Uma certa igreja ( escrevo-a com minúscula por não a querer confundir com Aquela merecedora de um I maiúsculo! ) cegamente agarrada a uma tal e abstracta, não menos cega lei de Deus que levada à risca teria, ao tempo, conduzido o filho de Abraão à morte pelo sacrifício (!), julgando que esta postura a salvaguarda do relativismo, cai, com atitudes destas, no mais absoluto dos relativismos!
Politicamente, porque a Igreja não se isenta de sinais políticos, passa a valer tudo!
Pois que se dane a criança, eu nem sabia que uma criança podia, para não dizer deveria (!?) ser excomungada, em nome do projecto de outro projecto e que, se calhar, pressupõe ainda outro, talvez mesmo o projecto do diabo ...!
Uma vez mais, BASTA!!
III
BASTA

É como aquele caso de uma rapariga em estado vegetativo há anos e ligada irreversivelmente a uma máquina a quem esta não deveria ser, mas foi, graças a Deus (!), desligada.
Nada de mais natural do que deixá-la ali e para sempre em sofrimento ignominioso ...
Deixem-se de ajuizar do alto da vossa cátedra na vossa inaturalidade obscena que quantas vezes, até na voz se projecta!!!
Se Deus quisesse que a rapariga não morresse e uma vez desligada a máquina, esta ter-se-ia posto de pé e a andar.
Não foi isso que aconteceu!
Deus lá sabia ...
De loucuras relativistas, cada um toma as que quer, mas deixem os outros em paz e à humanística lei de Deus também!
A humanística lei de Deus olha o Outro de frente, não o condena e compadece-se Dele.
EM NOME DA DECÊNCIA, BASTA!!!
( Chega de pesporrência de uma corte de pau carunchoso, zangada, ressaibiada com a vida, pudera (!), que deve ser Vida e já aqui e agora e que vive apostada em transformar a Igreja numa seita, no que a palavra de mais negativo, destrutivo tem! )

http://www.youtube.com/watch?v=UM5yepZ21pI

http://www.youtube.com/watch?v=PUfQ2kDEpoc

Jaime Latino Ferreira
Estoril, 8 de Março de 2009

PSALTERIUM


Mulher é o saber
Caixa de pandora
Namora
És o meu amanhecer
Não tem fundo o teu olhar
E ao por-se
Mesmo ao dormir
Mais me espanta ao tocar
Em todas as cordas
Vibrar
No teu andar
Tão leve
Etéreo
Harpa no meu altar

Tens o toque de um saltério
Lágrima tua a chorar
Que não se recusa a dar
Doce regaço teu estar
És ar
O que nos canta a rezar
Mulher
És meu amor
Tens o mar
És a vontade sem par
És claridade
O sabeis
A mim me deste
O criar


( No Dia Internacional da Mulher )

http://www.youtube.com/watch?v=W9APMU2jXJE

Jaime Latino Ferreira
Estoril, 8 de Março de 2009

sábado, 7 de março de 2009

REPRESENTATIVIDADE

Quantos me lêem ...?
Que representatividade tem cada um dos que me lê?
E quantos desses, interagem comigo?
Bastara que um leitor me lesse para que a sua representatividade fosse completa!
Cada um de nós é um instituto cuja sacralidade é inviolável, remetendo assim para a Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão e sublinhando a universalidade dos leitores, de cada um deles, do que cada um escreve e do que sou e escrevo também.
Mas a julgar por quantos comigo interagem, passo pró-activo que transcende em qualidade a aparente passividade da leitura ...!?
São, sobretudo, mulheres, aqueles dos meus leitores que no meu blogue intervêm.
É ou não esse um dado relevante?
Acresce saber que na espuma dos dias, aqueles que comigo neste processo confraternizam obedecem a um padrão mais ou menos constante o que, aliás, é comum aos fiéis de cada blogue.
Sem desprimor, no entanto, para todos aqueles que me seguem e comigo reflectem explicitamente em agradável, sempre agradável tertúlia como o escreveu a minha amiga Brancamar, gostaria de ver crescer e alargar-se este convívio sem prejuízo da qualidade do que escrevo ou dos que me frequentam deixando aqui a sua marca e que faço questão de preservar.
Religadas quais poemas como salmos, as interfaces que aqui se vão criativamente sobrepondo, desdobram-se em hinos, louvores à vida que nos bafeja.
Um salmo se historicamente é um poema lírico, integrante do conjunto de cento e cinquenta atribuídos ao Rei David, corresponde também à acção de tocar e fazer vibrar as cordas de um instrumento, o duplo ritmo de uma oração poética, o das palavras e das ideias acompanhado ou não por um saltério, a capacidade de fazer estender, explanar as ideias e as largar, fazendo-as vibrar, tocar em quem as lê.
Seja como for, um leitor apenas que tivesse, já teria valido a pena, já que nele, todo um universo se contém.
Mas eles são mais os meus leitores!
São mais ...

Jaime Latino Ferreira
Estoril, 7 de Março de 2009


quinta-feira, 5 de março de 2009

EU

Who's in charge?
Serão todo o tipo de tráfegos, a central do terror, o tráfego de pessoas, armas e estupefacientes e a especulação sem limites nem rosto que logo se lava e branqueia em paraísos subvertores de todas as regras e indutores de infindáveis e sufocantes perversões no sistema?
Que manietam o sistema democrático e o afundam impotente num torniquete manipulador, neutralizador das boas práticas ao ponto de este se ver, para sobreviver, obrigado a deixar os Seus, desprotegidos e entregues à sua própria sorte?
Ou ao comando deve estar aquele que sem beliscadura se sujeita ao poder democrático em prova de esforço ímpar e sem vacilar e o interpela em Obra transversal que faz doutrina e se ergue, em nome dos despojados como despojada ela é, aberta e reflexiva!?
Aquele que tenta, equidistante, criar pontes entre as culturas!?
Aquele que, humilde mas frontal se reclina diante das igrejas e das religiões!?
Diante da Igreja, em testemunho vivo, interpelando-A sem hesitar!?
E que o faz em nome das ovelhas que possam, finalmente, pastar em segurança e em Paz!?
Eu pecador me confesso dos pecados que professo.
-.-
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 5 de Março de 2009