sábado, 19 de junho de 2010

NA MORTE DE UM GRANDE AUTOR

José Saramago
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Na morte de um autor, deste, de José Saramago, como o escrevo logo em ensaio, homenagem na caixa de comentários da página anterior, hesitei entre achar que com a sua morte a língua portuguesa ficou mais pobre ou se se enriqueceu acabando por escrever que se ficou mais pobre, com ele, ela tanto se enriqueceu ...
A língua portuguesa, a cultura universal!
Ficou mais pobre porque, com o seu desaparecimento, ficámos sem o autor que tão longe à literatura de língua portuguesa a levou ao ponto de ter ganho o Nobel da Literatura e, portanto, para sempre privados da continuada riqueza da sua produção artística, criatividade fecunda.
Mas tendo morrido, na sua obra para sempre connosco e universalmente ficou, enriquecendo-nos e às línguas!
Daqui para a frente, num desbravar continuado e na releitura do seu legado tanto conhecido como por conhecer, o autor e a língua, as línguas não pararão mais, na revisitação da sua obra, de renascer.
A obra e por reflexo o autor, reviverão para sempre numa língua que na universalidade se redimensionarão em crescendo.
Não está em causa o personagem e o seu percurso nem tão pouco a minha identificação com eles, conheço-os mal (!), antes o vir a tornar-se num clássico que a prova do tempo que em vida já o consagrou como a nenhum outro, seguramente ditará.
E se eu morresse amanhã!?
O que ditaria a prova do tempo!?
Mesmo sem prémios nem livros editados, num percurso feito de correspondência, de e-mails e deste blogue que se vai paulatinamente dando, sem intermediação que não este suporte, a quem o queira ler e usufruir!?
Afirmo no meu perfil:
Este é o meu livro favorito: aquele que se vai folheando em interacção com os livros dos Outros.
E se o vou folheando vou-me também e aos Outros que comigo interagem imortalizando ...!
Como acontece a quem cria;
Como acontece a Saramago e à língua que o formatou;
Como acontece a todos os que deixam um rastro indelével, por mais virtual que seja, nos caminhos que percorreram.
A minha vida é única e irrepetível e se em epopeia a dou em testemunho ...!?
Nem sempre estive de acordo com Saramago e ainda bem ...
Sendo pertença de nós todos, não é isso que lhe retira toda a sua grandiosidade ...!
Que viva Saramago!
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na morte de José Saramago
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 19 de Junho de 2010

8 comentários:

manuela baptista disse...

a imortalidade

ganha-se em cada segundo que se vive!

tudo o mais são afectos, ligações, relações

criados por quem inventa o respectivo requiem!

um escritor, um criador é mesmo assim, único!

gostamos ou não gostamos,
fervemos com as provocações?

Saramago teve liberdade para escrever o que queria

nós temos a liberdade de o lermos ou não...e existirão prémios Nobel, que não tenham sido polémicos? nem a madre Teresa...

quanto à tua prova do tempo
pergunto:
quem inventou a medida para julgar cada um dos homens?

Manuela

Jaime Latino Ferreira disse...

MANUELA BAPTISTA


À medida do Homem, quem inventou a bitola para julgar cada um dos homens?

Todos e cada um no requiem do tempo que transcorre!


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 19 de Junho de 2010

Linda Simões disse...

" ficámos sem o autor que tão longe à literatura de língua portuguesa a levou ao ponto de ter ganho o Nobel da Literatura e, portanto, para sempre privados da continuada riqueza da sua produção artística, criatividade fecunda"...

E com um legado imenso,que só nos enriquece "Daqui para a frente, num desbravar continuado e na releitura do seu legado tanto conhecido como por conhecer, o autor e a língua, as línguas não pararão mais, na revisitação da sua obra, de renascer."


Jaime,já disseste tudo.



Um beijinho de domingo aos tertulianos!


Linda Simões

Jaime Latino Ferreira disse...

LINDA SIMÕES


Minha Querida,

Se já disse tudo, tanto fica sempre por dizer ...!

Eu apenas quiz contrariar essa postura de perda e de tristeza que nestas alturas sempre se evidencia e que não deixa de ser natural, cavando uma depressividade tão característica e que tolda os juízos, quantas vezes, no lugar comum e de circunstância que nada ou pouco acrescenta ...

Um beijinho e um bom domingo também para Si, para os tertulianos e os meus leitores habituais e eventuais


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 20 de Junho de 2010

KrystalDiVerso disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
KrystalDiVerso disse...

É uma opinião que deve ser respeitada!... Tal como deve ser respeitada e aceite qualquer outra opinião que despreze, e até espezinhe numa forma de pura chacota, não o facto de ter sido atribuído o maior galardão da literatura porque, se nos lembrarmos, verificamos que até Yasser Arafat ganhou um prémio Nobel da Paz, assim como a mais actual e ridícula entrega dessa distinção ao actual presidente dos EUA, Barack Obama!!!... Em entrevistas efectuadas, após a atribuição do prémio a José Saramago, mais de 80% dos anteriores laureados pela mesma consagração, nunca chegaram a compreender as razões que levaram a tal escolha; quanto à crítica silenciosa que em surdina circulava pelos corredores dos leitores curiosos e, a grande parte deles, apenas curiosos por espevitados pela propaganda da atribuição, juraram não voltar a ler fosse o que fosse do autor!... Ainda hoje, muitos dos que leram e, por uma questão de corrente da ocasião ainda sob o efeito dos fumos embriagantes da coroa e dos louros quentes e dourados entregue pela Academia, afirmavam a genialidade da criatura!... Poucos anos passados, a maior parte das mesmas pessoas, vá-se lá saber porquê, ridicularizam, tanto o sem fôlego da escrita, muito própria daqueles a quem falta um qualquer parafuso literário, como o delírio da ressabiada grelada ficcional com a história ou lendas de vigarista, também ela ressabiada e sempre vingativa!
Podemos não gostar de Portugal por acharmos que o País não é justo para com aquilo que merecemos, imaginemos agora que merecemos tapetes vermelhos, escravos negros ventando plumas, e concubinas aquecendo o harém que nos é devido... acordando do sonho, constatamos nossa vidinha e, só por isso, toca a bater forte, com desprezo e azedume todo o amargo que nos vai na Alma!... Sorte de Saramago que não acreditava nessa coisa de Almas e Deuses, preferindo a opção consciente e clara do dinheiro, poder a auto proclamação de deus maior que todos os insignificantes humanos ele olha de soslaio lá de cima do seu pedestal!...
O "Caim", como outras obras dele, são uma vergonha literária para quem ganhou um Nobel da literatura, no entanto, depois da cegueira ensaiada e enraizada para o resto da vida, não permitiu a vergonha de o reconhecer e, indo ainda mais longe, fez a propaganda que fez, sempre servindo-se dos crentes em religiões que sempre criticou da maneira mais reles e inadequada!... Mas, enfim, numa sociedade onde tanta ignorância é cultivada com o propósito de distinguir os incapazes por jamais serem capazes de se distinguirem por motivos excepcionais e maiores, não pode esperar-se milagres!
De qualquer maneira, parabéns pelo "esforço" que o caro amigo fez para conter a "outra opinião", que talvez fosse interpretada como menos correcta!


Boa semana


Escolham entre... beijos e abraços

Jaime Latino Ferreira disse...

KrystalDiVerso


Ah ...!

Estava a ver que o meu amigo não voltava à carga ...

... e sempre com a cavalaria pesada!

Olhe que os Seus versos de cristal de tão aguçados ainda são capazes, sem o querer, de O magoar a Si ...

Não fiz esforço nenhum em elogiar Saramago, disso pode estar certo:

Goste-se ou não se goste dele, certo é que nenhum antes, deste cantinho, recebeu o Nobel da Literatura:

Como quem desdenha quer comprar, prefiro ater-me, tão só, ao que escrevi!

Já agora, se entender voltar à carga, seria interessante se passássemos a seguir, com maior rigor, a sistemática do contraditório:

Dizer mal por dizer é fácil e ainda mais fácil amputar a cristalina prospectiva com que os prémios e os nóbeis em particular, são atribuídos!

Como vê, não me faltam as palavras e pesem todas aquelas que Saramago consigo levou ...

... porque se as levou, elas ficaram ao nosso inteiro dispôr!

Se Lhe desejo uma boa semana, como poderia não fazê-Lo, hesito entre os beijos ou os abraços não me vão eles, de tão aguçadamente cristalinos, abrir feridas profundas.

Saudações


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 22 de Junho de 2010

Jaime Latino Ferreira disse...

KrystalDiVerso


António Pina,

Repiso de trás:

Prospectiva e irreverência.

Quanto à prospectiva, o meu Amigo deixou, de uma página anterior, o nosso diálogo em suspenso;

Dessa mesma página, Arte, Ciência, Religião, Filosofia e Política, também não me respondeu em que é que me falta irreverência.

Mandar bitates desgarrados é fácil, demasiado fácil mas carente de prospectiva e nada irreverente, disso pode estar certo!

Apreensivas saudações ainda que Lhe concedendo, uma vez mais, o benefício da dúvida


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 22 de Junho de 2010