quinta-feira, 10 de junho de 2010

NO DIA DE UM PAÍS QUE SE QUIS GRANDE

Jaime Latino Ferreira, autor desconhecido, da nossa colecção particular
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Excelentíssimo Senhor
Professor Doutor Aníbal Cavaco Silva
Presidente da República Portuguesa
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Excelência,
Neste dia de Camões, da língua portuguesa portanto, das Comunidades e de Portugal, a Si me dirijo neste momento de emergência, não há quem não o diga (!), para Vos interpelar directamente.
Há uma questão em que, parece-me, globalmente todos convergimos e essa, repito, consiste em afirmar que se vivem tempos de emergência ao ponto de assistirmos não apenas ao afundar das economias, pelo menos de algumas que por arrasto às outras as não tornam imunes, desiludam-se aqueles que ainda julgam poder viver em fortalezas auto-suficientes (!), mas, pior ainda, ao alarme crescente em relação ao afundar de países de longa história diante da instabilidade monetária, financeira e dos mercados, da economia, de consequências ainda imprevisíveis.
Essa imprevisibilidade somada à tibieza das decisões dos agentes políticos são, em si mesmas, geradoras de desconfiança, essa subjectividade crescente, política que em muito ajuda a explicar a situação global a que se chegou e que reincide, por sua vez, na economia no seu conjunto.
Vem isto a propósito do apelo que haveis feito a que os nacionais fizessem férias não no exterior mas no Seu país e que logo tanta polémica gerou ...!
Como logo se disse, e se todos os chefes de estado fizessem igual apelo aos seus concidadãos!?
Em simultâneo, vieram de novo à liça as duas reformas que legitimamente auferis em acumulação com o que, como Presidente da República, com toda a legitimidade também, tendes direito ...
Apelar é uma coisa, agir pelo exemplo, prescindindo ainda que temporariamente e no exercício do cargo é outra bem diferente, eu, como professor, sei-o muito bem (!) e que, estou certo, se replicaria à medida de cada qual, sem receitas pré-formatadas a raiar o chauvinismo e sobretudo se atendermos ao poder de influência, representativo, que o cargo que exerceis enquanto Mais Alto Magistrado, ainda hoje, tem.
É claro que tendemos sempre a ver tudo à medida comparativa e umbilical, corporativa da nossa situação específica ou de grupo ou então na relatividade do peso específico que a nossa decisão teria, sempre prontos a apontar o dedo aos clichés da demagogia e do populismo mas o Vosso exemplo ficaria e, estou certo, replicar-se-ia em cadeia ...!
Pelo menos em criação de receptividade para os sacrifícios!
O exemplo ...
Se estou completamente à vontade para o afirmar, Professor, de muito tenho eu abdicado (!), de férias inclusivé, faltam grandes exemplos em que a História de Portugal é pródiga, que não só fariam toda a diferença como induziriam doses acrescidas de confiança a que os mercados apelam como quem pede, sem ironias, pão para a boca!
Estou certo que da minha ousadia me ireis perdoar, atenciosamente Vosso
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concluído pelas dez e quarenta e sete minutos deste mesmo dia, ainda antes do discurso oficial do Presidente da República
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 10 de Junho de 2010

2 comentários:

manuela baptista disse...

Jaime

assim é que é!

e

senhor presidente, não fale tanto do que não sabe...quando a maior parte dos portugueses quando vai lá fora, leva apenas a chave da porta...

Manuela

Jaime Latino Ferreira disse...

MANUELA BAPTISTA


Sabes minha Querida,

Às vezes tenho a impressão de que dentro de portas, os que o estão nelas devidamente salvaguardados, mais do que com chaves antes com todo um imenso aparato que se assemelha, francamente, a uma prisão, escoltados que andam por todo o lado e por mais bem informados que estejam, tendem a perder a noção da realidade em que se movem!

Voilá


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 10 de Junho de 2010