segunda-feira, 29 de novembro de 2010

LÁGRIMAS

Fotografia de Jaime Latino Ferreira, lago dos jardins do Estoril Sol Residence, Cascais, Novembro de 2010
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Cai minha lágrima ao lago
mergulha em suas águas
que seria do que trago
de mim escondidas as mágoas
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Recortadas como tábuas
secas fontes são amargo
sabor de águas paradas
despidas deste meu fardo
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Suavizados os cardos
as lágrimas são enseadas
alegrias confiscadas
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Longamente esquadrinhadas
são o fervor em que ardo
geometrias que eu afago
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 29 de Novembro de 2010

domingo, 28 de novembro de 2010

MUDAR DE VIDA - III -

Sempre achei como continuo a achar que falar-se de classe política é um disparate equivalente a dizer-se que a política é um exclusivo dos políticos eleitos ou dos cidadãos, destes últimos apenas quando exercem o seu direito de voto.
Tal equivaleria a dizer que apenas a uns, aos eleitos, assistiria o direito de a exercer numa ditadura digamos que sufragada e pluralista e que aos outros, aos eleitores, dela alienados e excluídos no interregno entre sufrágios, lhes estaria vedado o acesso.
A Política é uma dimensão das coisas da vida que a ninguém pode ser vedada e de que ninguém se pode excluir quer o queira, quer não.
Todos os nossos actos ou simples opiniões enfermam dessa dimensão e mesmo se afirmamos que não.
Mais, o facto de nos excluirmos da Política corresponde, em si mesmo, à tomada de uma posição política:
Aquela de, lavando daí as mãos, dela nos julgarmos poder excluir em acto de irresponsabilidade que apenas aos outros, aos eleitos, poderia ser assacado!
Em cada uma das minhas páginas vulgo posts, essa dimensão está presente e isto independentemente do número daqueles que as pudessem, por hipótese, sufragar!
E essa dimensão, sempre presente, vale por si, no desejável contraditório que se estabeleça aprofundando a Democracia para lá do seu estrito formalismo e independentemente de por quem ela possa vir a ser sufragada.
Não é, aliás, o sufrágio universal que garante, por si mesmo, a maior ou menor justeza das políticas que se sufragam ...!

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Sufrágio:
1. Voto.
2. Adesão, aprovação.
3. Relig. catól. Oração; comemoração de um óbito.
4. Polít. Direito de eleitor.
( in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa )
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Adesão, aprovação:
Um teste, um simples exame é sujeito a sufrágio.
A ele se adere, aprova ou reprova e tal não tem nem deve ser sujeito a sufrágio universal.
Havia de ser bonito ...!
Uma hipótese científica é sujeita a sufrágio.
O sufrágio da experimentação susceptível de a transformar em lei e ai de nós se esta consagração resultasse da simples aplicação do sufrágio universal ...!
Uma Obra de Arte é sufragada pelo tempo e não pelas audiências imediatas que a ela aderem ...
Deus também não se sufraga ...
E serão todas estas dimensões da vida menos importantes do que as que advêm da, no entanto, incontornável ferramenta do sufrágio universal?
E excluir-se-ão umas às outras!?
Como a religião ou o seu não professamento, a Política a todos nos envolve e dela, a nenhum de nós assiste o direito de dela nos alienarmos.
Todos somos corresponsáveis, uns mais e outros menos, é certo, na situação a que se chegou e há é que, no envolvimento que a todos nos interpela e com visão mais ampla do que a da satisfação dos nossos interesses imediatos, mudar de vida!
Aliás, aos eleitos, quem os pôs lá fomos nós, nós todos por opção ou omissão, todos portanto (!), classe política por excelência que o somos e mesmo se o fingimos não saber!
Mudar de vida ...
Acabou o tempo de, em dança carnavalesca do enxota, fingirmos que não vemos e não sabemos!
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no cerco o Alemão resiste estoicamente e as ratazanas põem-se em debandada
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 28 de Novembro de 2010

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

MUDAR DE VIDA - II -

Não bastam as qualificações técnicas, académicas e os desempenhos profissionais, strictus sensus, para se avaliar da qualidade de quadros e dirigentes, trabalhadores ou profissionais que nas mais variadas áreas desempenham as suas mais ou menos estratégicas funções.
Não, não bastam!

É indispensável a generosidade que falta, o sentido do serviço à comunidade e que quantas vezes, hoje mais do que nunca (!), implica o sacrifício sem o qual todas as aptidões referidas acima, indispensáveis que são, se tornam insuficientes e tanto mais quanto nos tempos que atravessamos e que de todos nos exigem mais, muito mais!
Hábitos instalados, rotinas e compadrios, coisa pouca mas tanta (!), atrever-me-ia a dizer, emperram as máquinas dos Estados na engorda que os vai, pelos seus crescentes défices, caracterizando e que ajuda, de que maneira, a explicar o ponto a que se chegou no cada vez mais omnipresente lugar que sobre todos nós, por via deles, se faz pesadamente sentir.
Na prevalência da reverência acrítica atrever-me-ia, ainda, a esmolar:
Eu preciso de um lugarzinho e desse lugar, sem fazer ondas, garanto ir a corrente sem ver o Lugar que é o Mundo ...
Corporativamente me instalo ao serviço da Corporação!
Sem olhar crítico que às minhas habilitações lhes confira dimensão ...!
Sem me tornar incómodo na graça do pãozinho que ao Pão o vai fazendo escassear!
E a escassez dessa dimensão, da dimensão Política das coisas, da Coisa Pública, ameaça arrastar-nos a todos, quais ratazanas aprisionadas em barco e sem saída, para o fundo.
Num buraco sem saída nem fundo à vista onde já não bastara a colossal dimensão ... do próprio Buraco!
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 26 de Novembro de 2010

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

MUDAR DE VIDA - I -


After Monet's Impression Sunrise
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A greve geral que hoje se realizou em Portugal como um pouco por toda a Europa e pelo Mundo vão tendo lugar, com todo o seu impacto na vida quotidiana, comprova a indignação geral perante as reiteradas promessas feitas anos a fio que se esfumam no tempo e que agora se frustram no desabar da demagogia eleitoralista para já não falar dos direitos que, dados por adquiridos, perante a esmagadora crise instalada, aos cidadãos se vêm retirados no engrossar impressionante da precariedade laboral e do exército de desempregados.
Dizia, outro dia, um conceituado comentador que, embora legítima, a greve nada iria acrescentar ou conseguir por se encontrar desfasada de uma iniludível e incontornável realidade que qualquer governante se veria, independentemente da cor política, na contingência de implementar.
Desse comentador me permito discordar:
A manifestação maciça de indignação que a greve geral traduz é, ela também e em si mesma, uma força que se poderá vir a revelar como dificilmente ultrapassável e tanto mais quanto maior a percepção da falta de proporcionalidade na distribuição dos sacrifícios que agora ao Povo se voltam, com toda a premência crua, a exigir.
Como eu o escrevia, há muitos anos já, na
Carta a Um Economista e que aqui, neste meu blogue, em Maio passado, decidi de novo editar, se essa exigência não começar pelo exemplo, a partir dos topos institucionais e de forma inequívoca, que autoridade, de facto, terão estes mesmos para tais e acrescidos sacrifícios virem exigir à generalidade dos cidadãos!?
Aqueles que sobram sempre e sobre os quais, esses mesmos sacrifícios, invariavelmente, recaem ...!
Ao contrário das vãs, irresponsáveis promessas eleitoralistas, o que aqui escrevo não se trata de demagogia e assume, nos dias de hoje, uma pertinência muito particular que interpela a Democracia e cada vez de forma mais gritante!
Comece-se inequivocamente pelo topo, no simbolismo, sinal político que tal encerra e a adesão aos sacrifícios, percepcionada pelo Povo muito antes de pelos seus dirigentes o ter sido encarada, desde que assente em perspectivas de futuro que não se podem subtrair e que nessa minha extensa carta também não alieno, fará, então sim, toda a diferença na coesão indispensável sem a qual tudo se tenderá, mais e mais e a começar pela confiança tão em défice, a estiolar de vez!
E nuvens continuam a pairar que lançam a suspeita sobre o exercício efectivo da equidade ...
Pergunto-me:
De facto, pesem as suas eventuais qualificações técnicas e académicas, que qualidade terão os quadros dirigentes que desprovidos do sentido de Serviço e logo, do sacrifício, prontos a desertar quais mercenários, atendem apenas ou antes de mais às suas regalias e privilégios que não queiram minimamente ver beliscados!?
Que falta farão eles à realização do bem comum!?
Como até aqui, aliás, e pelo que se vê, tão pouca ou nenhuma a fizeram ...!?
O exemplo tem que vir de cima e esse é um atributo que, dificilmente percepcionável, opaco que permanece, na sua carga simbólica, política é inexcedível!
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quando se fazem, de novo, ouvir gritos de guerra, agora na Península da Coreia

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Scherzo Heróico
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 24 de Novembro de 2010
Claude Monet, Soleil Levant

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O QUE AQUI SE PASSA

O que aqui, neste meu blogue, se passa vai das caixas de comentários para as primeiras páginas, vulgo posts, vice-versa, num encadeado para o qual faço, persistentemente, com todos os que comigo interagem, por acontecer.
Não raro, os conteúdos das minhas caixas de comentários saltam para as primeiras páginas e vice-versa, num fio condutor que umas às outras as entrelaça em enredo e tal vem-me dando acrescida e enorme satisfação.
Nesta minha bem-aventurada ignorância informática, foi o que acabou por acontecer na
caixa de comentários de há duas páginas atrás, quando Intemporal involuntariamente ou não, me forneceu as pistas que agora me permitem, finalmente, escrever aqui e por extenso, o título genérico da minha Obra, ensaística que percorre todos os géneros literários, que há mais de vinte e um anos, muito antes de criado este meu blogue, não paro de desenvolver, a saber:
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Ensaio Sobre a Relatividade em Linguagem Comum
E = mc2
{ Energia = [ massa ( cérebro x cérebro ) ] }
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Eis, completo, o título do que aqui, sistémico, se desenvolve e que tem uma relação íntima com a música, essa linguagem que sublima e que à palavra a relativiza, universaliza, sem consentir, contudo, que de tudo seja feita e a começar pela própria palavra, pura e simplesmente, tábua rasa.
Eu bem sei que c, na equação de Einstein, se reporta à velocidade da luz mas o que se passa no cérebro a ela própria a ultrapassa ...!
Casuisticamente, Intemporal conduziu-me ao que ainda não tinha conseguido, aqui, concretizar:
O título, na interacção primeira que desde sempre faço por valorizar quando não por estimular e que apela a que comigo, expressamente, os meus leitores interajam ( cérebro x cérebro ), operação que, na matemática, os parêntesis curvos indicam que se faça em primeiro lugar e pela qual se reforçam as identidades, a massa que multiplicada por c2, operacionalidade segunda que os parêntesis rectos sugerem que, a seguir, se concretize, resulta em Energia acrescida.
Posto o acento, a ênfase na interacção individual e por esta via exponenciada a massa que com ela se multiplica, o resultado só pode ser acrescentado e traduzido em valia energética que aqui, finalmente, me proporcionou escrever por extenso o título que, embora já aflorado, me faltava, porém, tornar completamente explícito!
No sistema, é o que se designa pelo que se encontra entre chavetas { }, que me liga a cada um de Vós, tal é o que ambiciono que por aqui, mais e mais, possa, continuadamente, vir a acontecer em valia energética que se exponencie.
Aqui e agora, a Intemporal o meu bem haja!
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Sequências
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 22 de Novembro de 2010

domingo, 21 de novembro de 2010

REDONDO É O MAR

Fotografia de Jaime Latino Ferreira, Metáfora
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Redondo é o mar
carregado de jangada
plúmbeo a leva a navegar
vai altiva e assoberbada
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O que carrega é enxada
revolve a terra a sangrar
embora pareça ser nada
condenada a soçobrar
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Para onde ela vai sem parar
te direi com minha espada
pulso a pulso calibrada
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Naquilo que escrevo topada
do que entendo por lutar
tirando da terra para dar
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 21 de Novembro de 2010

sábado, 20 de novembro de 2010

ASAS

omid sariri
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É fundamentalmente naquilo que escrevo que reside aquilo que fotografo, o que, a partir da minha angular ou objectiva, vou registando:
A música daquilo que vejo;
A escrita daquilo que oiço;
O que oiço para lá daquilo que, escrevendo, mostro.
Aquilo que contido no que se vê, meros contornos, está para lá desses contornos.
Contornos ou grafia.
Grafia ...
Grafia, ortografia ou desenho que moldam, circunscrevem o não desenhado, não escrito, grafia ou negativo do não dito.
O que é que mostra um desenho?
O que nele se explicita ou a partir do explícito, o que lhe está implícito!?
O que é que mostra uma fotografia, uma obra de arte ...?
O que é que mostra, por fim, o que se escreve, o que se vê ...!?
Mostram, todos, aquilo que não se vê !
O que se ouve, a música, o que dos seus próprios contornos está por desvendar, o que apenas se entrevê ou pressente ...!
E é na escrita, nesta minha singular forma de escrever, que encontro a chapa, a visualização, a ilustração mais nítida que nenhuma outra angular ou objectiva seria capaz de me proporcionar:
Nela capto todo o possível e indistinto movimento que fica por revelar ...
... ou que se revela para lá do revelado!
Asas da minha passada, do movimento que capto para lá daquele que capturo.
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dedicado à criação artística, ao escondido que dela se revela sob pena de o não ser e à importância das palavras naquilo que, como sombras, escondidamente formatam
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 20 de Novembro de 2010

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

UMA CIMEIRA, UMA GREVE-GERAL E MUITA ESPECULAÇÃO

Nadir Afonso, pormenor de painel de azulejos da passagem subterrânea que liga o Estoril Sol Residence ao paredão de Cascais, fotografia de Jaime Latino Ferreira
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I

UMA CIMEIRA
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Na distância percorrida que vai para lá da alargada simetria entre as siglas NATO/OTAN a dimensão de uma Aliança que se quer defensiva e multilateral no derrube dos muros perante a dispersão difusa de um inimigo que o nine eleven fez emergir e que impõe, pela natureza das coisas, ele também por antítese e como antídoto, a consagração do singular na sua integridade, individualidade não desmembrável nem escamoteável, sua finalidade e objectivo últimos de realização, matricial razão que sua, consolidadamente, mais e mais terá de ser.
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II
UMA GREVE-GERAL
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No erguer da justa indignação de quem vê sistematicamente frustradas as expectativas de realização para já não dizer que posta em causa a dignidade mínima a Liberdade, por muito que em seu nome se apregoe, vai claudicando.
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III
MUITA ESPECULAÇÃO
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Na muita especulação que, quer se queira quer não, se vincula à liberdade de expressão diante da qual mercados, instituições ou indivíduos só ficam nervosos se o quiserem ou se com ela e ainda que exercida destemperadamente, estes últimos não souberem coexistir e a ela soerguer-se.
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assim vou paulatina e sistematicamente, em breves linhas de força, reflectindo na madrugada do dia em que se inicia uma Cimeira da Nato em Lisboa, no anúncio de uma greve-geral em Portugal para o próximo dia 24 e na especulação interminável que vai enchendo o espaço público e publicado
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O Mundo é um Só
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 19 de Novembro de 2010

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O MUNDO É MUITO GRANDE

Nadir Afonso, pormenor de painel de azulejos da passagem subterrânea que liga o Estoril Sol Residence ao paredão de Cascais, fotografia de Jaime Latino Ferreira
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O mundo é muito grande
mas maior do que ele são as águas do mar que o banham
com toda a profusão de elementos que o povoam
que ao mundo o salpicam e fecundam
na imensidão de relevos que o esculpem
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Baixo-relevo
o mundo é uma imensa cordilheira
e seus baixios
um pontilhado sem fim de almas a perder de vista
sequiosas de um toque que as reanime
desencontradas no reencontro almejado
miragem fugidia em permanente desacato
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O mundo é muito grande
tão grande que teria dado a volta ao mundo
antes de a
ti te encontrar
e ao tocar-te ver-te
e amar-te
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o mundo não é maior do que a distância que vai de ti a mim
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Aquarium
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 17 de Novembro de 2010

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

DOCE MEMÓRIA

Goldfind, Elin Torger
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Talvez porque da minha memória prevaleça o que ela tem de doce, esta minha atitude inconformada sim, mas optimista ...
Que leva alguns a tratarem-me por jovem ...!
Jovem Jaime!
Jovem de cinquenta e seis anos de idade ...
No entanto ...!
Outros à minha produção literária, desatentos, a classificam como sendo cândida, quem sabe ingénua ...
Resguardo, é certo, doces memórias.
Faço-as por prevalecer mas não se conclua daqui que tenha sido poupado às adversidades ou que delas lhes não conheça o sabor amargo.
Elas povoam o meu percurso, tanto que ainda hoje elas sobrelevam na afirmação e no reconhecimento que tardam!
Tardam tanto mais quanto aqui me vou expondo sem desfalecer ...
Doce memória.
Ele há um canto em mim, pueril, juvenil que dominante percute a perder-se no tempo, doce memória filha de um coração nobre e despido do ódio, da corrosiva inveja ou da ácida amargura, que tocado pela dor da perda, da irremediável perda que logo a idade adulta consigo transporta, se supera, sublima e exalta, resolve e que sendo mais forte que tudo o resto, prevalecente, não deixo nem quero deixar em mim morrer ou ver-se esmagado ...
Já que mais forte ela, a doce memória, o é!
Subjectivo ... pois é!
Mas é a prevalência de uma doce memória que faz a nossa inquebrantável força que nos permite cercear o medo e construir de facto!
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em complemento a uma resposta dada à Brancamar na caixa de comentários da página anterior e que nela profícuo diálogo desencadeou, remato que o medo é deixar prevalecer o amargo sobre aquilo que em nós é doce
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Jovem
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 15 de Novembro de 2010

domingo, 14 de novembro de 2010

PAISAGEM DE SONHO

Dreamscape, Ian Plant
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Planto o que avisto
e de escape
germina a semente
que por muito que se tape
se alicerça no que aqui ponho
e que vai da raiz ao meu sonho
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Por mais que se cubra de xisto

a paisagem que dele sai
ao medo o corta rente e ao medonho
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não são as adversidades antes o medo que impede a concretização dos sonhos
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Doce Memória
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 14 de Novembro de 2010

sábado, 13 de novembro de 2010

OLHANDO PARA LÁ


looking out the window ..., Ursula I Abresch
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Afasto as cortinas
e olhando para lá delas
outras e sempre mais se interpõem
a perder de vista
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E mais e mais
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Procuro um cais
porto de abrigo onde possa repousar
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Aqui
junto a mim
me diz que sim
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Seguro
confiante
permanente
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E revolvendo-as
às cortinas como às páginas de um livro
qual quixote e seus moinhos
ao que procuro encontro
e com elas
decidido me confronto
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do que se vê para lá do que se vê, no dia da libertação de Aung San Suu Kyi que se deseja seja para valer
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 13 de Novembro de 2010
Acervo da Biblioteca Nacional

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

QUANDO A OBRA SAI À RUA

ilustração de autor não especificado e por mim livre e arbitrariamente trabalhada
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Quando a Obra não se contenta por ficar numa estante ou prateleira;
Quando a Obra não se contenta em se encerrar nas páginas de um livro;
Quando a Obra não se contenta em ser peça de museu;
Quando a Obra não se confina a um palco;
Quando a Obra extravasa o ecrã;
Quando a Obra dispensa intermediários ou de Todos faz seus destinatários;
Quando, na primeira pessoa, a Obra se neles e por si mesma já interpela, não contente à realidade directamente a desafia ...
Quando a Obra, saindo de todos os clássicos padrões, foge dos salões ou de recintos circunscritos e decidida sai à rua ... é um bico de obra!
Onde metê-la, onde encaixá-la!?
Quando a Obra nesse passo se obstina ...!?
Quando a Obra a outras Obras as interpela e com elas dialoga, replica e sem que por isso as faça por desmerecer, muito antes pelo contrário, onde meter a Obra entre todas as demais!?
Quando a Obra sai daqui e ali, na rua, persiste em permanecer recriando-se em permanência, onde é que ela começa e, verdadeiramente, acaba!?
Como prendê-la, circunscrevê-la, qualificá-la ou classificá-la!?
Quando a Obra permanece viva, que raio de nome atribuir-lhe!?
Quando a Obra é Obra entre as demais, pares e seus iguais, que maior obra do que essa!?
Quando essa Obra assim se afirma, que obra essa!?
E que Obra, construção entre as demais!?
Tu és Obra!
Eu sou Obra ...
Quando a Obra como é cada um de nós sai à rua e obra maior não há (!), o que fazer à Obra para onde quer que ela vá!?
E tanto mais quanto se obstine em afirmá-lo ser ...!?
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num tempo em que à Obra se não dá, quiçá, a devida relevância
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Ária de Corte
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 12 de Novembro de 2010

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

RÉPLICA A WILLIAM SHAKESPEARE

fotografia de Walter
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Não te Arruínes, Alma, Enriquece
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Centro da minha terra pecadora,
alma gasta da própria rebeldia,
porque tremes lá dentro se por fora
vais caiando as paredes de alegria?
P
ara quê tanto luxo na morada
arruinada, arrendada a curto prazo?
H
erdam de ti os vermes? Na jornada
do corpo te consomes ao acaso?
N
ão te arruínes, alma, enriquece:
vende as horas de escória e desperdício
e compra a eternidade que mereces,
sem piedade do servo ao teu serviço.
D
evora a Morte e o que de nós terá,
que morta a Morte nada morrerá.

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( William Shakespeare, in "Sonetos", tradução de Carlos de Oliveira )
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NÃO ME ARRUÍNO NÃO, MORTE É ALÇAPÃO
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Não tremerei por dentro nem por fora
nestas paredes que caio de alegria
nem poderia ser outra só pecadora
a máscara que assim em mim se fingiria
D
esta minha morada não tiraria
tudo o que dela retiro e assim dá azo
por mais arruinada não é uma casa fria
tão pouco é um lugar fora de prazo
M
inha alma não se arruína antes se aquece
não é simples comércio nem desperdício
nem à eternidade compro no que oferece
S
e a morte me devora não é serviço
o que de mim terá não me arrefece
a ela não lhe darei o meu ofício
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( réplica a William Shakespeare )
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dedicado a
Walter na fonte de inspiração que foi desta minha página
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 10 de Novembro de 2010
Caricatura de William Shakespeare

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

PECADO ORIGINAL

fotografia de f pedrosa
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O pecado original do comunismo consistiu em entender que não existia pecado ...
Pecado.
Pecado ou transgressão, transgressão ou infracção ...
Que apenas existia o colectivo e que o singular poderia ser transgredido por tal não constituir uma transgressão (!), violentado em nome dos superiores interesses do primeiro.
Que o sagrado, o inviolável em cada um de nós, poderia ficar à mercê da utopia.
A religião, ou seja, aquilo que em cada um de nós não dá para desligar, religado que está, não passaria de ópio do povo!
Hoje quase que se cai num discurso inverso, no negativo deste, isto é, no de se dizer que já não sobrará espaço para a utopia ...
Pecado original do capitalismo!?
Utopia versus religião ...
De quem, afinal, estes pecados na consciência que tenho do melindroso que o conceito, em si mesmo, transporta!?
Pecado original.
Não há, aliás, religião, no amplo sentido de religamento, sem utopia no igualmente amplo sentido de religado e sem ambas, o que sobrará em cada um de nós!?
Original seria que entre estes dois conceitos extremados, materialistas que por paradoxalmente o serem tanto se tocam e de resultados que a História já nos permitiria fazer o balanço, de um como do outro lado das perspectivas, encontrássemos finalmente o equilíbrio sustentado entre o bem comum, o colectivo e a integridade singular inviolável, na utopia que ao capital o aceitasse e vice-versa, religados que estão, para o bem como para o mal, nesse outro e insofismável ... pecado original ou inevitabilidade transgressiva que por natureza nos caracteriza.
Na transgressão, infracção, refracção que o saber é em si mesmo e transporta, está o pecado original em que se molda a diferença humana.
Tanto para o pior como para o melhor e daqui, desta minha rota intermédia, sustentada, não há como fugir-lhe!
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Rota
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 8 de Novembro de 2010

domingo, 7 de novembro de 2010

SOU COMO UM JUNCO - II -


fotografia de f pedrosa
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Repego pela mais positiva as Palavras da Manuela, da caixa de comentários da página anterior, e escrevê-las-ia começando assim:
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Sou como um junco
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que navega bem
em águas cristalinas
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( ... )
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E permaneço por aqui nada arrependido das palavras que, em ascese mayor, como o escreveu na mesma caixa Intemporal, dirigi ao Presidente Hu neste Seu segundo dia de visita a Portugal.
Para todos os efeitos, merecedor que entendo delas o ser, Hu Jintao é o Presidente do Povo Chinês que entre nós em visita se faz representar ...
E assim Lhe diria, olhos nos olhos, tudo o que aqui ou onde quer que seja, de meus lábios transporto no coração.
Diplomaticamente, polida e frontalmente, com transparência, como tudo pode ser dito e assim se o saiba fazer sem hipocrisias nem duplas faces, sem esconder pedras nas mãos prontas a arremessar pelas costas ou na primeira ocasião!
E no reconhecimento explícito da importância desta visita que se aos olhos dos comuns poderá não ter nada ou muito de especial, reflectir, apenas, um sinal de capitulação, mas onde pelo que se diz e como se diz mais não revela do que a salvaguarda de uma autonomia que se preserva, mais, de um desafio positivo que se lança (!), para lá da importância que a visita irremediavelmente traduz ...
Pois se a China estará interessada em investir neste país, sinal dos tempos, quem não o poderá, com este sinal, vir a estar!?
E que reflexos não o terá para este povo, o português e no contexto global!?
E que reflexos não o terá também para o povo chinês, na determinação resoluta que nesta postura, determinado me move!?
A Realpotitik, nos dias que correm, não reside num discurso de dupla face e esse, esse é que é gerador de desconfiança ...
... desconfiança essa, em que tanto se especializaram escolas de políticos, que já não engana ninguém, como se vê ...
nem muito menos os mercados!
Sinal dos tempos ...!
Corro um risco, pois corro, mas esse risco é sinal de coragem.
E a coragem é sempre apreciada por homens por muito frios que nos pareçam mas igualmente corajosos ...!
As águas do rio em que como junco eu navego são, faço por que sejam cristalinas!
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no segundo dia da visita do Presidente Hu a Portugal
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 7 de Novembro de 2010

fotografia de f pedrosa

sábado, 6 de novembro de 2010

CARTA AO PRESIDENTE HU - I -


fotografia de f pedrosa
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Presidente Hu Jintao
-
Sou como as águas de um rio
um rio que corre límpido
transparente
cristalino para o mar
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De cujos lábios sai assim
por impulso
como um poema
o que deles do coração vem
nas saudades que guardo da
China
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Do Império do Meio
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E que de meus lábios saindo
te saúdam quando nos visitas
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Assim aprendi a fazê-lo
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De coração apertado
agrilhoado como estará o coração de
Liu
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Olho para ti
e vejo-te homem como eu
com vontade de ser rio
e ir ao encontro do mar
das águas com sal
lágrimas que nos unem a todos
continentes fora
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Neste mundo pequenino
e que nos transfiguram e fazem iguais
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Iguais
na comunhão
de um comunismo
finalmente maduro
despojado do seu pecado original
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Olho para Ti
e resoluto choro
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coincidindo com a visita do Presidente da República Popular da China a Portugal
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 7 de Novembro de 2010

fotografia de f pedrosa

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

DEMOCRACIA VERSUS TOTALITARISMO - II -

Numa altura em que nos espaços geográficos em que prevalece a Democracia, como o sejam a Europa, e quando neles, por força das circunstâncias, se cortam a eito direitos que se tinham por adquiridos, torna-se legítimo perguntar quando e se, esses cortes, algum dia virão a atingir as liberdades fundamentais até porque, neles mesmos, indirectamente que o seja e quer se queira quer não, no exercício destas últimas entroncam e se reflectem.
Não estejam garantidas as condições de disponibilidade material que ao exercício das liberdades conduz e a que é que, na prática, estas se acabam por reduzir ou circunscrever ...!?
Quem, na desigualdade crescente que por via desses mesmos cortes se acentua, acabará por estar em condições, na asfixia crescente que aos cidadãos é imposta, de às liberdades, sem medo, as usufruir e exercer!?
Reforçar-se-á ou não, neste contexto, a convicção ou a percepção cada vez mais generalizadas de existirem cidadãos de primeira e outros de segunda!?
E que Democracia tenderá a ser essa, cada vez mais reduzida aos seus contornos formais, senão uma espécie de totalitarismo envergonhado ou apenas democracias mitigadas legitimadas, é certo, pelo exercício do sufrágio universal, fundamental mas o que é pouco, muito pouco, na substância que se tende a esvair pela impossibilidade física, material, que aos cidadãos os levará a absterem-se do exercício efectivo da própria cidadania e que neste, no sufrágio não se esgota!?
As fronteiras entre Democracia e totalitarismo são, sempre foram frágeis e muito ténues e nos tempos que passam, estas minhas interrogações assumem particular relevância, acutilância maior ...
... e tanto maior quanto o poder político estiver cada vez mais distante do cidadão concreto e comum!
Do cidadão comum, repito!
Como se este lhe fosse indiferente nos jogos de bastidores que sempre aos mesmos grupos os tendem a perpetuar e reproduzir no seu exercício e nos jogos palacianos que ao cidadão comum, anónimo, desprovido de exércitos ou tropas de choque, de capacidade de pressão, permanentemente o esquecem ou tanto o parecem omitir ...!
A fronteira entre uma coisa e a outra, entre Democracia e totalitarismo de tão frágil e subtil que é, quase que não se dá por ela e mais ainda quanto a situação verdadeiramente o exigiria que clarificasse, no draconiano das medidas que a todos, implacáveis, nos obrigam e tendem a subjugar ...!
Quem não é capaz de ver isto tem muito pouca cabeça ...
Cabeça ... falta cabeça a quem a não tem!
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desafiando a Democracia a mostrar não apenas a sua quantitativa mas a sua qualitativa diferença, qualidade superior, perante os constrangimentos em que há tantos anos vivo mas diante dos quais não deixo, por isso, de exercer integralmente a cidadania e o direito à indignação de que eu, como todos, somos usufrutuários herdeiros e portadores
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 5 de Novembro de 2010

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

CORTAR A EITO - I -

Desafiando o correr contabilístico dos dias, o rame-rame que se arrasta no sabor ácido dos números onde não passamos de estatística, o filme de terror como já houve quem lhe chamasse e onde uma implacável cortina se abate toldando espíritos e horizontes, aqui me mantenho teimoso qual balão de oxigénio ...!
Corta, corta e corta e volta a cortar, insistem economistas sapientes e qual deles julgando dizer a última palavra enquanto os políticos se assanham tentando, em vão, demarcar-se uns dos outros e enxotando para lá as responsabilidades que afinal a todos, repartidas e nas devidas proporções lhes assentam que nem uma luva, pela situação a que se chegou e tanto mais quanto no estrito discurso rasteiro dos números em que, sem que os devessem escamotear, porém, fazem, tão só, por persistir.
A todos incluindo àqueles que cultivando a oposição sistemática não deixam, de há muito, de ser serventuários de regimes, quiçá, à beira do precipício!
Corta, corta, corta por oposição a achar-se que não, que não existem obrigações internacionais a cumprir e que de há muito se adiam ou tentam camuflar, afinal, duas faces de uma mesma moeda que, qual sistema de vasos comunicantes, nos conduziu até aqui ...
Aprovem-se orçamentos restritivos e façam-se greves gerais ao mesmo tempo, sem os quais logo as segundas perderiam razão de ser, nisto se poderia resumir o paradoxo em que com cegueira acrescida se persiste para lá de toda a razoabilidade!
E neste quadro se amplia e melhor percebem todos os constrangimentos e debilidades de uma Europa sempre pronta a exigir maior bem estar, manietada por toda a ordem de corporações e interesses, de estrangulamentos também e na sistemática recusa em olhar para o Mundo envolvente e que a interpela a que a uma só voz, desejar-se-ia (!), mudasse de vida, conformando-se num olhar, simultaneamente, realista e prospectivo para o cada vez mais inadiável, o verdadeiramente Político e que parece cada vez mais ausente, omisso dos discursos.
Sim, porque é da Europa que falamos quando ao país A, B ou C nos referimos, feios, porcos e maus que o possam ser (!), já que da situação deles poderá, por arrasto, depender toda a sanidade económico-financeira de um espaço geográfico cada vez mais interligado à luz do qual e apenas à luz do qual, nos dias que correm, faz em crescendo e cada vez mais sentido falar ...!
Se exige que se fale!
Mudar de vida sem que irremediavelmente se ponham em cheque as especificidades que à Europa a moldaram, eis o desafio em que todos, europeus, refugiando-se, contudo, em tacticismos de vistas curtas, se obstinam em não querer encarar de frente ...
Em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão!
Ou cada qual dela tem apenas uma ínfima parcela ...
... e o que resta saber é se solidários e reforçando a União nela dando, com determinação, um salto em frente, especificidade maior (!), os europeus terão ou não aprendido, politicamente, com esta lição que guardam da sua História!
À Europa ... o que lhe falta é cabeça!
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num olhar excepcional e especificamente europeu, aquele grande espaço em que, afinal, eu me integro
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 4 de Novembro de 2010

ABERTURA - III -

open windows, open spaces
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Nada de mais objectivo do que eu - venham dizer-me que o não sou (!) - e sendo eu objectivo sou, simultaneamente, logo no que de mim se espelha pela escrita, intrinsecamente democrático, plural, cromático, pluri-semântico, não confinável a um sentido apenas e, também, subjectivo.
Mas sem a subjectividade, a que lato senso poderemos, se quisermos, chamar Política, do objectivo não se chega a lado nenhum.
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por todas as ameaças do terror que têm sido neutralizadas com sucesso e na liminar condenação da pena de morte como bárbaro terror de Estado onde quer que ela se pratique, lembrando Sakineh Ashtiani cujo enforcamento se anuncia para hoje
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La Girondola
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 3 de Novembro de 2010

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

ABERTURA - II -

open windows, open spaces
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Há no que escrevo, a permanente perspectiva que tento cultivar de não dizer coisas redundantes e fechadas, antes sempre fazendo por deixar janelas, frestas entreabertas que sejam, que permitam a quem me lê, sem adulterar ou escamotear o que foi escrito, ir mais além do que explicitamente lá está.
Não escrevo, peremptoriamente, que é assim ou assado, interrogo antes se é assim ou assado ...!?
No texto anterior, do condicional, se eu não abrisse janelas, parto para a interrogação, que oportunidades daria a quem, lendo-me e para lá delas vendo, outras e mais as quisesse abrir?
Se a minha escrita fosse redundante, quem, a partir dela, outras interrogações, janelas, as poderia colocar ou abrir!?
Abri-las-á ...!?
A partir dela, da minha escrita, repito, e por mais objectiva que a ela a faça por cingir-se ...
Objectiva:
1. Lente que está voltada para o que se examina.
2. Linha que tende para o ponto que se quer atingir.
Objectivo:
1. Relativo ao objecto ...
2. Relativo a objectos externos a nós.
3. Procedente de sensações (em oposição a subjectivo).
4.
Que está voltado para o objecto que se examina (em oposição a ocular).
5. Diz-se da objectiva (linha).
6. Directo.
7. Alvo, fim, propósito.
8. Ponto, linha ou zona do terreno a bater pelo fogo (bombardeamento) ou a conquistar pelo movimento e pelo choque (ataque).
( in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa )
Objectiva, objectivo, em ambos os casos directo, havendo, naquilo que escrevo, uma linha de continuidade há um propósito que mesmo que se explicite, é sempre deixado ao critério de quem me lendo, por si próprio desoculte, conclua, contradite ou desenvolva em linha transversal que pelo impacto batido da escrita, no seu movimento ou choque, venha a conquistar ou seduzir.
Sem escrever explicitamente que deva ser assim ou assado.
Numa atitude intrinsecamente democrática!
Intrinsecamente porque interior à própria escrita.
E assim se abrem mais e mais janelas ...
... janelas que às oportunidades as desencadeiam ou estimulam ...
Eu, pelo menos, sinto-me estimulado a abri-las e a desencadeá-las!
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na eleição de Dilma Rousseff, primeira mulher Presidente do Brasil e no veemente repúdio por mais uma acção de terror contra uma igreja em Bagdad
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Cantabile
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 1 de Novembro de 2010

ABERTURA - I -

open windows, open spaces
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Se eu não abrisse janelas, que oportunidades daria a quem, através delas, por aqui as lendo e para lá delas vendo, outras e mais as quisesse abrir?
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a propósito de um diálogo
com intemporal, nele a todos os que não param de me incentivar e, com Istambul no coração, no repúdio pelo terror que estropia e mata, implacável, fechando janelas de esperança e de oportunidades
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Sanctus
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 1 de Novembro de 2010