segunda-feira, 14 de novembro de 2011

CENTRO, PERIFERIA E DECISÃO

Gustav Klimt, A Árvore da Vida




Alguém dizia que o processo de decisão, em democracia, é lento e tanto mais quanto numa união em convulsiva construção e do qual o imediatismo dos mercados não se compadece …
… como quem, implicitamente, admitisse que não fossem as democracias e o processo de decisão seria mais célere ao ponto de à especulação a conseguir fazer estancar …!
Só que … especulação confunde-se com a própria liberdade de opinião!
Decididamente, prefiro outra abordagem:
Não foram as instâncias políticas democráticas e as opiniões públicas consolidadas e o processo de decisão seria ainda mais lento!
Veja-se a coisa, primeiro, à escala nacional:
A consciência crítica das situações que se vão tornando previsivelmente recorrentes e que se sucedem em efeito  dominó toma, primeiro, conta das assim chamadas periferias ou das opiniões públicas quando consolidadas, antes de aos centros de decisão política e democrática, nas circunstâncias forçados pelas primeiras, a reboque e por elas ultrapassados, serem levados a admiti-las e a elas se conformarem!
Isto passa-se no interior dos países individualmente considerados, em progressão de acordo com a sua dimensão como, à escala, nos grandes espaços geográficos ou no todo global.
Irremediavelmente interligados e em todos sem excepção, por maioria de razão naqueles países onde, à falta de instâncias democraticamente legitimadas e de opiniões públicas consolidadas, as democracias não prevalecem, os seus centros de decisão, sempre mais e mais anquilosados e pecando de crescentes défices de decisão e de iniciativa estratégica, são os últimos dos últimos a reagir em decisões que se vão revelando como tardias com o acréscimo de custos que tal sempre representa.
Polémico, atrevo-me mesmo a dizer que mais rápido na Grécia se decide do que em Itália, nesta do que na Alemanha, na Alemanha mais rápido do que nos EUA ou do que no conjunto da União e nestes do que … na China!
Onde está a decisão?
Eu, célere e por mim mesmo, decido;
Nós, demoramos mais tempo a decidir;
No conjunto destes, dos nós, provavelmente e pese embora, mais rápido ainda decide quem aos efeitos desaceleradores, irreversíveis e contaminantes ( daqui partirei para nova reflexão em texto ulterior ), está exposto;
Aqueles que julgando não depender de nós, esses, nunca mais decidem até caírem por si!
E eu, delimitado por nós!?
Eu, circunscrito no nós, na antecipação que de há muito reafirmo, talvez ainda conseguisse preservar em acréscimo a iniciativa estratégica a qual, como seria possível não reconhecê-lo (!?), se encontra em cavado défice …!
E valerá a pena arriscar em mim?
Se o meu passado fala por mim como garante das liberdades, do nós que sempre salvaguardei, então … vale!
Vale enquanto sinal de aprofundamento da própria Democracia pelo qual sempre pugnei;
Vale enquanto motor da iniciativa que hoje, mais do que nunca, importa acolher e preservar!
Mais do que nunca esse sinal que se confunde com o singular e nele balizado, razão de ser da própria Democracia, tem de ser dado e só as democracias estão em condições de, em concertação e pela iniciativa, nele se reverem já que exposto, definido e susceptível de amplo escrutínio, o anteciparem e fazê-lo projectar:
Na globalização, o periférico singular é o limite, esse e nenhum outro (!) que, como baliza, não pode ser ultrapassado!
Centro, periferia e decisão …
O centro deslocou-se para o um e as periferias que, na globalização, todos os espaços geográficos se tornaram, deles equidistante, à uma o solicitam como … pão para a boca!



o Homem é a medida padrão de todas as coisas






Jaime Latino Ferreira
Estoril, 14 de Novembro de 2011

7 comentários:

manuela baptista disse...

tornarmo-nos mais humanos, antroposofia

ou antropocentrismo, o homem no centro

enquanto o centro, a periferia e a decisão interagem no tempo, muitos eus ficarão reduzidos a quase nada, tal a violência deste processo, desta depuração europeia

é mesmo preciso restituir ao Homem a dignidade de todas as coisas

muito bom o teu texto!

Kika disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jaime Latino Ferreira disse...

CANITOS


Fézadinha,

Por hoje erraste mesmo:

Se centrei o cadeirão foi para ver o jogo da selecção e na periferia, fica-me sabendo, em vez de chocolate tinha um cálice de whiskye puro.

Quem te desvenda, decidido, sou eu!


Téréré,

Se eu fosse um dálmata não era um pacóvio como tu!!!


Béuauf a ambos


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 15 de Novembro de 2011

Linda Simões disse...

Centro, direita esquerda.
E a decisão que nunca sai.
Esperar até que ponto ?...

Enquanto isso, nos bastidores,acordos são acertados,alinhavados...

Bom texto.


Um abraço aos queridos

ki.ti disse...

Se houvesse chocolate, até eu tinha visto o jogo acordada.

ó té, se o Jaime fosse um cão, seria um fox terrier!

BlueShell disse...

No "eu" confio...no "n´s"...não sei...
Um abraço e parabéns pelo texto!
Muito bom!
BS