segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

PENSAMENTOS ( VII )


 

 

PENSAMENTOS
 

Como já tereis reparado tenho vindo a coligir pensamentos, todos da minha autoria.
 

A primeira questão que levanto é esta:
 

Se, de hoje para amanhã e por hipótese, me viesse a tornar numa pessoa célebre não seria difícil imaginar que os meus pensamentos passassem a ser citados por dá cá aquela palha mas caso permaneça mergulhado no anonimato, quem me citará?


Põe-se, então, uma outra e contundente, oportuníssima questão:
 

Valem ou não os meus pensamentos, nos seus conteúdos, por si próprios e independentemente da minha própria notoriedade?
 

Finalmente:
 

Ou será, antes, a riqueza intrínseca dos meus pensamentos que transporta consigo a celebridade?
 

 

 

QUEM  PERGUNTA
 

Quem pergunta é porque já sabe, pelo menos em parte, a resposta e, por isso, já responde ainda que, por responder em forma de pergunta, deixe a resposta em aberto.
 

Aliás, quem não sabe também não consegue, seja de que maneira for, perguntar.
 



 

PERGUNTAR
 

Perguntar é a forma mais inteligente de se insinuar, ainda que se deixe em aberto, uma resposta.


Uma pergunta que é o que uma hipótese é, aliás, é o primeiro passo para que a experimentação não se conduza nem às cegas nem fortuitamente e resulte, sistemática, em investigação científica.


 

 

DO  1  E  DO  ZERO
 

Se o 1, primeiro dos números naturais ou a unidade, o singular, não conseguir chegar e compatibilizar-se, por si próprio e pela lógica, pacificamente, com o zero, o artifício da lei ou o institucional, como é que a numeração inteira que o número 10 introduz, alguma vez, poderia fazer qualquer sentido?
 

 

 

RECONCILIAÇÃO
 

No dia em que o um, primeiro dos números naturais, a unidade, o cidadão singular, pelo seu próprio mérito, pacifica e transparentemente, conseguir chegar ao 10, à numeração inteira, ao institucional, reconciliando os cinco dedos da mão direita com os cinco da mão esquerda, dar-se-á, simultaneamente, a reconciliação entre o poder democrático, a Democracia e o Povo.
 

Nesse dia, tanto mais urgente quanto a crise que nos assola, o aprofundamento da Democracia não será expressão vã.
 


 


DO  ZERO
 

O zero é a superfície do espelho à direita da qual se desenvolve a numeração positiva.
 

À sua esquerda, contudo e partindo do mesmo princípio, ao que se convencionou chamar a numeração negativa que à primeira a anularia, simétrica da positiva, desenvolve-se algo que não sendo numeração antes o seu simétrico, repito, já se aproxima da escrita.


Abstração da abstração, o reflexo da numeração positiva na sua simbologia não já numérica, humanizada resulta e ambas, na absorvência transformadora do zero ou da superfície do espelho, não se anulam antes, na sua complementaridade, se potenciam.
 

 

 

O  APRENDIZ  E  O  MESTRE


Aprendiz é aquele que, por sua livre vontade e iniciativa, confrontado com uma prova de fogo incansável persiste e, pacificamente, não desarma por maior que seja a omissão que sobre si próprio recaia.
 

Mestre é aquele que sujeitando o aprendiz a uma prova de fogo, por fim, nele se sabendo rever o reconhece e mesmo se o aprendiz em muito o excede.
 

De qualquer maneira, mestre e aprendiz, ou têm ambos um pouco dos dois ou não são nem uma coisa nem a outra.
 

 

mais e mais
 



Jaime Latino Ferreira
Estoril, 17 de Dezembro de 2012
 
 
 

1 comentário:

manuela baptista disse...

se não sabe, porque é que pergunta


os pensamentos das pessoas célebres são exatamente iguais aos da gente comum


os meios de os publicitar é que são outros

há, sim, aqueles que não pensam e até são célebres, basta ver a programação das têvês