quinta-feira, 10 de outubro de 2013

GRANDES E PEQUENOS ATORES








Há grandes e pequenos atores políticos.
Há aqueles que por inerência das funções que desempenham, funções de primeiro plano, são grandes atores políticos e mesmo se de estatura mediana.
Há aqueles outros que também por inerência dessas mesmas funções, outras de segundo plano, não excedem o secundário dos seus próprios desempenhos.
Por inerência das funções que desempenham há, pois, grandes e pequenos atores políticos, aqueles de projeção global e aqueles outros de projeção local.
Os atores políticos de projeção local fazem o que podem, ziguezagueiam entre o poder e o dever.
Os atores políticos de projeção global podem o que fazem, ziguezagueiam entre o dever e o poder.
Entre uma coisa e a outra, uns e outros fazem como podem.

Há atores que emergindo das mais indescritíveis, condenáveis, indesejáveis situações ou microcosmos adquirem estatura global e, logo, transfiguram-se em atores de primeira água, de facto, atores de primeiro plano.
Estou a pensar, por exemplo, em Malala Yousafzai que pelo seu percurso, reavivando-os, nos fazem acreditar nos grandes valores comuns da humanidade.
Da humanidade sem exceções.
Há outros atores que logo pelas funções que desempenham poderiam ser grandes mas são bem secundários.
Independentemente das posições que ocupam, grandes e pequenos atores políticos podem transmutar-se uns nos outros.
É o que acontece com Malala Yousafzai.

Podem emergir grandes atores políticos a partir de situações que por contraponto, aqui designo como descritíveis, democráticas, desejáveis, louváveis portanto e sejam eles de primeiro ou de segundo plano?
Podem, podem e devem!
Aliás, a não emergirem a partir da normalidade democrática, a narrativa do descritível, do desejável cristalizar-se-á, perderá fôlego e descontinuar-se-á.
Não se aprofundará.
Não se aprofundando não se enraizará perdendo terreno para o indescritível, o indesejável, o repudiante ou condenável.
Não se repercutindo pelo exemplo, o descritível definhará.
E todas as Malalas, num círculo vicioso sem aparente saída nem retorno, partindo da estaca zero, terão de voltar ao princípio, sempre ao princípio sem vislumbrarem o fim desse mesmo princípio que as guindou.
O descritível, a normalidade democrática, o possível, o louvável ou desejável não pode, portanto, ficar-se por aqui, por um aqui tão acantonado, insatisfatório mesmo.




na atribuição do Prémio Sakharov a Malala Yousafzai, quando o indescritível faz emergir a humanidade mas o descritível acrescenta a essa humanidade uma história sem fim que apenas ele permite abrir e fazer potenciar







Jaime Latino Ferreira

Estoril, 10 de Outubro de 2013



3 comentários:

manuela baptista disse...

podemos ser grandes ou pequenos atores políticos

mas como Malala, temos muito que aprender e crescer

isso é que vale a pena

ki.ti disse...

eu cá sou grande!

. intemporal . disse...

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. há quem diga que eu "creci" . mas eu esforço.me para que tal não aconteça . :) .

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. abraço.O .

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